30 setembro 2006

João Marafuga a Luís Proença (1)

Pego nos comentários de Luís Proença ao meu texto "A estrutura mental de esquerda" para focar o que neles acho pertinente, embora inicialmente considerasse que lhes respondia nas minhas respostas a Isobel.
Sim, sou anti-comunista com o mesmo direito que um comunista é anti-capitalista. Diga-se já de passagem que os comunistas quando se afirmam anti-capitalistas querem, no fundo, dizer que são contra o capitalismo normal, isto é, o liberal, defensor dos direitos individuais, do livre-mercado, da limitação do poder do Estado, etc., pois o megacapitalismo parricida é negócio deles.
O Luís parece pensar que com o fim da "outra senhora" acabou a ameaça marxista. Mas eu digo que a ameaça marxista nunca foi tão assustadora como no tempo que decorre. O que mudou foi a estratégia. Se na primeira fase comunista que "falhou" o negócio era a economia, agora o negócio é a cultura. São os códigos culturais que estão, paulatinamente, a ser alterados. O ambientalismo oferece os valores que, caso se impusessem, escravizariam e animalizariam por completo o homem porque este seria mergulhado no mais abjecto imanentismo. Eu não estou contra a imanência. Eu estou contra que se mutile a união da transcendência e imanência.
Noutro comentário mais à frente, o Luís fala em "dogma". Esta palavra vem do Grego e significa "decreto". O respeito que eu devo ao Luís é um dogma porque indemonstrável sob a perspectiva científica. Todavia, sem esse dogma, hoje não existiriam Proenças nem Marafugas.
O Luís talvez gostasse que a existência de Deus se provasse como um cientista prova qualquer coisa em laboratório. Haverá alguma estrutura pensamental mais infantil do que esta? Porque, Luís, respeitá-lo não é poupá-lo ao vigor de um discurso que se reclama da inteligência. Deus é uma exigência da minha inteligência. Sou humilde porque sou criatura. A humildade é a verdade.
Diz o Luís que «no Cristianismo, nem a moral nem a religião têm pontos de contacto com a realidade». Nem o mais empedernido dos ateus faria uma afirmação tão absurda como essa. Ora o Luís diz-se cristão («sendo cristão e não me considerando de "esquerda"...»). Tudo isto me cheira a confusão!
O sentido da Cruz de Jesus Cristo é o fundamento do mundo real: união da eternidade e do tempo, do infinito e do finito, da transcendência e da imanência, do espírito e da carne (carne do homem e carne do mundo).
Deus é o ser supremo e a causa real de todas as coisas. Vêem-no todos os que unem razão e coração porque Ele manifesta-se por toda a parte. Eu próprio sou feito à essência d'Ele. O Luís também.
O pecado é um efeito objectivo do esquecimento de Deus. O esquecido de Deus é um esquecido de si próprio. Este é que é o verdadeiro alienado.
O Cristianismo não tem nada de antropocêntrico. O centro do Cristianismo é Cristo que vem desde toda a eternidade e que tudo ensopa tal como uma esponja que se atira para uma banheira de água é logo ensopada por esta.
Eu não tenho um conceito ou definição de Deus porque se tivesse tal pretensão negaria Deus em vez de afirmá-lo. Alguém pode abarcar Deus? Alguém pode definir Deus, isto é, pôr-Lhe um fim?
Depois o Luís vem com um silogismo manifestamente cartesiano. O ser não é uma consequência do pensamento. Este é uma ferramenta, logo uma criatura. A criatura não cria o Criador. O Criador é que cria a criatura que está infinitamente menos para Aquele do que uma banheira de água para o Oceano Pacífico.

29 setembro 2006

Resposta para Isobel

Diz Isobel no seu último comentário ao meu texto "Estrutura mental de esquerda": «não tenho provas de que Jesus tenha existido...». Estamos perante alguém que não sai do plano histórico. Os Evangelhos colocam Jesus no tempo histórico, mas Isobel não dá a mesma credibilidade aos evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João que dá a Salústio ou Tácito.
Para o terminus da bruma mítica tão ao gosto dos gnósticos, Jesus é colocado no tempo e no espaço pelos Evangelhos, mas estes não são só história e geografia. São também espiritualidade, assim cumprindo a própria narrativa da vida de Jesus o sentido da Cruz: união da verticalidade (o espiritual) e horizontalidade (história, factos, tempo).
Se Jesus não morreu na Cruz, vão é todo o Cristianismo. Mas todos os Evangelhos, incluindo os apócrifos, nos dão testemunho de que Jesus Cristo, Senhor pela Criação, morreu na Cruz para selar a união da eternidade e do tempo, isto é, a aliança entre Deus e os homens.
De facto, «...a verdade de hoje pode não ser verdade amanhã», mas isso é só no campo da ciência que se debruça sobre coisas. Deus não é coisa, razão por que não se pode sujeitar a qualquer processo de prova humano.
Então agora «...a questão do aborto prende-se com a liberdade individual das mulheres...»? Mas a liberdade individual é negada pelo marxismo, base filosófica do comunismo que apoia o aborto. No que ficamos?
Quando Isobel diz que «...considera que o homem pode ser o seu próprio Deus, tem o poder de criar e de destruir quando quiser», está a perfilhar toda uma estrutura mental própria de teenagers, os mesmos que são recrutados pelas partidocracias totalitárias para o grande festim antropofágico dos últimos 100 anos.
A «ditadura da democracia» é levada a cabo por todos(as) os(as) Isobéis deste mundo. Aquele ou aquela que se julga deus só não é genocida se não apanhar o poder nas mãos.
Modernismo e pós-modernismo são doenças, Isobel. A raiz destes ismos está no antropocentrismo renascentista que vê no homem, isto é, na criatura, uma centralidade.
Claro que, por exemplo, o homem medieval, intrinsecamente, não foi diferente do homem de hoje, mas o primeiro tinha a noção de pecado ( comportamento desviante para a Psicologia, crime para o Direito) e o segundo, dentro de um titanismo desmedido, perdeu-a.
O último parágrafo do(a) Isobel começa por «paradoxalmente...» e contradiz pateticamente tudo o que escreveu antes.
Considero que a minha resposta a Isobel responde substancialmente ao que escreve imediatamente a si um(a) anónimo(a) cujo texto abre assim: «não posso deixar de felicitar a Isabel pela sua forma de pensar» sic.

Quer partilhar o seu carro?


A experiência pessoal e testemunhos de gente das minhas relações levam-me a concluir que, excluindo amortização, manutenção e seguro do veículo, cada alchochetano que trabalhe do outro lado do rio e use automóvel próprio desembolsa mensalmente, em média, 250 € (50.000$).
Nas actuais condições de vida em Portugal a despesa parece-me excessiva para a generalidade dos orçamentos familiares, até porque em muitos lares há mais de um veículo.
Esse é, porém, o lado facilmente perceptível do problema.
Há também uma componente invisível e extremamente negativa para o planeta que habitamos: um veículo médio movido a gasolina, com 50.000kms rodados, que anualmente percorra 25.000kms, lança na atmosfera:
– 3,125kgs de hidrocarbonetos;
– 42,5kgs de monóxido de carbono (CO2);
– 5kgs de dióxido de azoto;
– 1kg de partículas metálicas.
Parece-me urgente que os alcochetanos em especial – e os portugueses em geral – encontrem soluções para esses e outros problemas derivados do uso intensivo de automóvel próprio, uma vez que o transporte público é mau, dispendioso e não foi planeado para corresponder às necessidades dos utentes mas para satisfazer interesses comerciais dos concessionários.

Sem mais rodeios, lanço neste blogue o primeiro de três desafios aos alcochetanos: pensem em partilhar as despesas do automóvel com outras pessoas cujos horários e percursos sejam coincidentes.
Se num mesmo veículo viajarem 5 pessoas, a comodidade e a pontualidade não serão prejudicadas e a despesa individual descerá imediatamente de 50.000$ (250€) para 10.000$ (50€) mensais.
Reparem que, se um automóvel for partilhado por 5 pessoas, o custo individual é inferior ao do passe intermodal Alcochete-Lisboa!
Muitos dos alcochetanos que têm automóvel e actualmente viajam mal nos transportes públicos poupariam até algum dinheiro e ganhariam autonomia e comodidade se dividissem a deslocação com outros interessados.
O que vos proponho só me parece inédito em Portugal, pois não encontrei rasto de qualquer iniciativa local ou regional relacionada com a partilha de automóveis.
Contudo, há anos que nos Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha, pelo menos, são as próprias autoridades locais a fomentar este tipo de iniciativas, tendo várias municipalidades criado sítios na Internet exclusivamente para a permuta de informação sobre viagens partilhadas.
Encontrei também algumas iniciativas privadas na Bélgica e Suíça e um portal genérico sobre partilha de viagens na Europa.
Já anteriormente referi neste texto que, seguindo as recomendações da Direcção-Geral do Ambiente da União Europeia, diversos municípios europeus iniciaram experiências sobre a partilha de viagens nas deslocações casa-trabalho, alguns dos quais concedem benefícios fiscais às empresas que incentivem e ajudem os empregados a deixar o automóvel individual na garagem!
Nos Estados Unidos e no Canadá a partilha de viagens é de tal modo popular que surgiram empresas a propor preços excepcionalmente baixos para o transporte de 8 ou mais passageiros num mesmo veículo. Tais preços chegam a ser inferiores aos de um automóvel partilhado por 5 pessoas!

É tempo de apresentar o segundo desafio: enviem a hiperligação deste texto (o link directo está aqui) aos vossos vizinhos e amigos de Alcochete e procurem sensibilizá-los para a necessidade e as vantagens da partilha do automóvel com outros interessados.
Admito haver, pelo menos, 5.000 automóveis no concelho – embora a média nacional, segundo o Eurostat, seja de um veículo por cada dois habitantes – e se 1/4 deles partilhassem deslocações toda a população activa residente poderia mandar o transporte público e individual às urtigas e preparar-se para uma "guerra" sem quartel: exigir redução significativa da portagem para veículos privados com lotação esgotada!
Isto porque, mercê da consciência cívica e ambiental dos alcochetanos, anualmente deixariam de ir para a atmosfera:
– 11,7 toneladas de hidrocarbonetos;
– 159 toneladas de monóxido de carbono (CO2);
– 18,7 toneladas de dióxido de azoto;
– 3,7 toneladas de partículas metálicas.

O terceiro e último desafio é este: se na caixa comentários deste texto ou através de e-mail dirigido ao signatário aparecerem reacções positivas de 100 pessoas de Alcochete interessadas em partilhar o automóvel nas deslocações casa-trabalho, prometo que em poucos dias disponibilizarei um portal para o registo de pedidos e ofertas dessa facilidade, de modo a que mais facilmente se organizem grupos de partilha de interesses (*).

Agora é convosco!

(*) Obviamente precisarei que uma empresa qualquer patrocine a iniciativa para suportar as despesas directas desse sítio na Internet, mas esse será, suponho, o menor dos problemas.
Dirijo especialmente aos alcochetanos os três desafios porque este blogue trata sobretudo de assuntos locais, embora não haja complicações de maior se a iniciativa abarcar mais concelhos.

28 setembro 2006

Tenham a bondade de ler...

Tenham a bondade de ler "Resumo didáctico" de Olavo de Carvalho em http://www.olavodecarvalho.org/semana/060928jb.html

Não há só falta de imaginação


Há dias escrevi este texto, a propósito da forma como se celebrou em Portugal (e em Alcochete, especialmente) mais um dia europeu sem carros, recomendando a consulta de uma página financiada pela Comissão Europeia que contém informação sobre estudos e experiências de municipalidades apostadas em reduzir o tráfego automóvel.
No rodapé desse meu texto escrevia o seguinte:
«Há tantas pistas para pensar em coisas úteis e oportunas. Penso que Alcochete terá mais encanto no dia em que as "mentes brilhantes" perderem o medo das pessoas e sentarem uma dezena à mesma mesa exclusivamente para pensar».
Pretendi com esse texto, nomeadamente, chamar a atenção dos pacientes leitores deste blogue para a responsabilidade dos autarcas em matéria de redução e ordenamento do tráfego automóvel. E isto porque se fez muito pouco em Alcochete, ou mesmo nada, do que compete à autarquia iniciar. Melhor: quase sempre opta-se pelo oposto do recomendável.
Continuei as minhas pesquisas para fundamentar uma ideia que vos explicarei amanhã e acabo de descobrir este documento, redigido em língua portuguesa e dimanado da Direcção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia, em cuja página 15 se alinham as seguintes recomendações às autoridades locais:

O mesmo padrão de desenvolvimento — concentração de zonas residenciais, industriais e tráfego — que contribui para a má qualidade do ar nas cidades permite que tais problemas sejam resolvidos de forma integrada e economicamente eficiente. Além disso, na presente era de globalização, uma cidade acessível, com um ambiente agradável e saudável, torna-se atractiva para os investidores estrangeiros, assim como para os seus cidadãos.
Há um número de considerações importantes a ter em conta:
1. Ordene a sua cidade de forma que as pessoas não precisem de percorrer distâncias tão longas ou de se deslocar com tanta frequência. Concentre o crescimento da cidade dentro dos seus limites e não na periferia e em torno dos nós de interconexão dos transportes públicos — estações de comboio, metro, eléctrico e autocarros. Misture diferentes funções — residência, trabalho, comércio e lazer.
2. Limite o acesso e o estacionamento de automóveis em certas zonas.
3. Crie parcerias com as empresas locais para as ajudar a estabelecer planos de deslocação entre a casa e o trabalho e a encontrar alternativas para o transporte de mercadorias.
4. Invista nos transportes públicos por forma a garantir a respectiva qualidade, frequência, fiabilidade, pontualidade, segurança e características não poluentes a um preço acessível. Crie plataformas intermodais onde os passageiros possam fácil e rapidamente proceder a transferências entre os diferentes modos de transporte (por exemplo, automóvel/eléctrico, eléctrico/autocarro). Promova os transportes públicos através da criação de faixas para autocarros, da concessão de prioridade nos semáforos e de acesso a áreas em que a circulação de automóveis esteja limitada.
5. Garanta que os peões e os ciclistas possam circular livremente na sua cidade. Crie zonas livres de circulação de veículos, passadeiras seguras, pistas para ciclistas e estruturas de estacionamento para bicicletas.
6. Realize campanhas de informação destinadas a encorajar os cidadãos e as empresas a reduzir a utilização de automóveis.
7. Proceda a intercâmbios de informação com outras cidades na Europa — muitas estiveram ou estão na mesma situação.Se calhar, não precisa de reinventar a roda.

Apontem-me, entre estas sete recomendações, uma única que tenha sido sequer ensaiada ou iniciada em Alcochete?

Ou tradição ou marxismo

Muitos não percebem que tradição e marxismo (filosofia do comunismo) são incompatíveis.
A tradição, desde tempos imemoriais, assenta na admissibilidade do Princípio de Ordem Superior, por todos chamado Deus.
A tradição, na nossa civilização, é dois mil anos de Cristianismo.
A tradição é a moral judaica, a filosofia grega, o direito romano.
A tradição é o contrato, a propriedade privada, a família.
Ora eu pergunto: como será possível o marxismo vencer sem destruir tudo o que é tradição?
Ou o triunfo da democracia liberal que quer menos Estado ou o triunfo do comunismo que quer mais Estado. Não há lugar para duas vitórias ex aequo.

Também quero pagar menos

Eu utente frequente da ponte Vasco da Gama me confesso e, tal como o Estado, também gostaria de pagar menos à Lusoponte.
De caminho, pedia que me explicassem qual a razão por que a Brisa só pode aumentar os preços das portagens até ao limite da inflação do ano anterior e a Lusoponte aplicou este ano um aumento superior ao dobro dessa inflação, pelo menos aos veículos da classe 1.
Mas o Estado não quer saber de mim, que sou apenas um número fiscal.
Gostava ainda que me explicassem se alguém mandou realizar um estudo económico sobre a viabilidade da reposição da ligação fluvial entre Alcochete e um terminal marítimo servido pelo metropolitano ou outros terminais do interesse da maioria dos residentes no concelho.
Essa seria, suponho, acertada contribuição para o bem-estar da maioria dos cidadãos que, mal servidos de transportes públicos, gastam individualmente cerca de 50.000$ (250€) mensais para trabalhar fora.

Boas notícias desportivas

Com excepção do Sport de Samouco, que sofreu pesada derrota, por 3-10, em juvenis masculinos de futsal, todas as equipas do concelho ganharam os jogos dos distritais realizados no passado fim-de-semana.
Além disso, à 2.ª jornada do nacional de futebol da III Divisão, série E, o Alcochetense lidera a classificação geral.

27 setembro 2006

A estrutura mental de esquerda

Consciente ou inconscientemente, tem uma estrutura mental de esquerda quem está contra a milenar tradição. Quem está contra o livre mercado e a propriedade privada, defendendo o peso do Estado sobre a sociedade. Quem está contra o cristianismo e a família. Quem no lugar de Deus põe o ambiente e a partir deste transmuta todos os valores que agora são coisas como o clima, a conservação da natureza, os direitos dos animais, etc. Quem defende que o género em sexualidade é escolha do indivíduo. Quem defende o casamento entre homossexuais, o aborto, a eutanásia, etc.

Consequências da propaganda

Em Alcochete, a propaganda municipal anuncia, invariavelmente, "centenas de pessoas" e "grande afluência" nas manifestações promovidas pelas autarquias, mas as imagens divulgadas raramente o demonstram. O recurso a flagrantes e planos fechados evidencia sempre o oposto.
A experiência passada diz-me que o desinteresse dos alcochetanos pelas suas autarquias e a maioria das manifestações por elas organizadas é real e antigo. A culpa é dos autarcas, porque privilegiam a propaganda em detrimento da comunicação institucional e por isso os meios de que dispõem perdem audiência e credibilidade.
Nos últimos cinco anos, pelo menos, a informação autárquica não tem passado de mera propaganda. Nada esclarece acerca da realidade, é filtrada e asséptica com o principal objectivo de influenciar opiniões, sentimentos e atitudes.
Não há – nem houve no passado recente – verdadeira informação institucional, isto é, a intenção de revelar e esclarecer políticas, acções e projectos de modo a que sejam perceptíveis pelo grande público.

26 setembro 2006

Automóvel sofre

Presumo que a crise ainda não forçou os autarcas locais a andar mais a pé.
Bem sei que sem carros Alcochete tem mais encanto, mas isso é para os outros.
Se cuidassem da saúde fazendo umas caminhadas diárias veriam o que eu muitos observamos. Coisas em que eles, sempre apressados, pelos vistos nem reparam.
Todavia, porque usam muito o automóvel, certamente notam que as valas mal compactadas, que atravessam inúmeras artérias do concelho, tendem a afundar-se e esse desnível prejudica a suspensão dos veículos.
Na Avenida Canto do Pinheiro há quatro casos a precisar de solução urgente. Na EN119, junto ao desvio para a ETAR, idem.
Como tais valas se destinaram a ramais de água ou esgotos, realizados ou autorizados pelo município, não me parece difícil obrigar os responsáveis a resolver tais problemas o mais depressa possível.
As acima mencionadas são ratoeiras em que caio quase diariamente. Talvez haja outras, fora do meu circuito actualmentre rotineiro, esperando que alguém as aponte.

Sugestão à Câmara

Se a Câmara Municipal de Alcochete assim o quiser, eu estou disposto a emprestar todos os meus materiais sobre Germano Carvalheda para uma exposição em espaço que seja considerado conveniente.
São manuscritos do poeta alcochetano, folhas A4 dactilografadas pelo mesmo, largas dezenas de fotografias, alguns objectos pessoais, etc.
Esta minha sugestão prende-se com o facto de toda a documentação sobre Germano Carvalheda em meu poder se revestir de interesse público.

25 setembro 2006

Crítica fúnebre

Se alguém supõe que depois de morto deixa de ter despesas, leia o Edital n.º 78/06 da Câmara Municipal de Alcochete, na pág. 20.070 do «Diário da República» de hoje.
É escusado tentar comparar as tabelas nova e antiga das taxas e licenças dos cemitérios, porque esta não consta do sítio do município na Internet.
Aliás, essa e muitas outras coisas que convinha aos vivos saber continuam no segredo dos deuses.

Germano Carvalheda 5



O poeta Germano Cervalheda é o primeiro homem à direita (foto em cima) e o terceiro à esquerda (foto em baixo).
Como se pode ver, estas fotografias foram tiradas no Largo do Poço que se descortina por trás dos homens.
Ao fundo, a Igreja Matriz ainda com o gradeamento à volta e o Rato bastante arborizado (actual Avenida 5 de Outubro).
Será que a coluna de pedra que vemos ao lado das rodas do poço é o pelourinho que antes se erguia no Largo da Praça? De facto, quando a Câmara se situava num edifício deste largo, o pelourinho que lá estava foi removido para, aparentemente, facilitar as movimentações de uma comitiva real de visita a Alcochete na segunda metade do séc. XIX.

24 setembro 2006

Germano Carvalheda 4


Germano José Carvalheda foi Agente Técnico de Engenharia Civil pelo antigo Instituto Industrial de Lisboa, hoje Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL).
Nesta foto vemos o nosso poeta ao trabalho sobre o seu estirador.


O MEU SISTEMA

Pus de parte as ferramentas,
Mandei-as todas ao diabo.
P'rás alturas tenho as ventas,
P'ra espessuras tenho o rabo.

Fita de pano é chatice,
As de aço são ferrugentas,
Os compassos dão tolice,
Pus de parte as ferramentas.

Parti o metro padrão,
Do estojo já dei cabo,
As peças de medição
Mandei-as todas ao diabo.

O duplo metro é banal,
Como as demais ferramentas.
Quando meço em vertical,
P'rás alturas tenho as ventas.

P'rás coisas arredondadas
Podem crer no que me gabo:
Sejam grossas ou delgadas,
Pra espessuras tenho o rabo.

Com este poema, Germano Carvalheda segura a ponta do fio que desce de António Botto e perpassa por todo o nosso modernismo.

Contra-sensos

Quando se chega a páginas como esta da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo e se lêem alguns estudos relacionados com o concelho de Alcochete, facilmente se conclui que o executado foi, quase sempre, o oposto do recomendado pelos especialistas em matéria de administração do território.
Quanto à mobilidade e ao ambiente o imobilismo é total.
Vem isto a propósito do "desenvolvimento" urbanístico que tenho vindo a observar na estrada da Atalaia, no mais puro estilo de prédios deitados.
As novas habitações que se constroem em antigas quintas ocasionarão significativo aumento de tráfego numa via sem condições para o escoar.
Mas que interessa isso se o importante é cobrar mais IMT e IMI?

Germano Carvalheda 3



Este senhor-jovem alcochetano haveria de morrer aos 33 anos. Com esta idade ou pouco menos começa-se hoje uma carreira profissional. Ainda assim, o Eng.º Germano Carvalheda deixou-nos largas centenas de versos que quase todos desconhecem.
Estamos na 2.ª década do séc. XX, pouquíssimos anos depois da instauração da República (1910). No rosto de Germano parece descortinar-se aquela perplexidade que não tolhe a serenidade.
O valor do fado, a canção nacional, é uma centralidade na poesia de Germano.
O órgão alfacinha que lhe publicou os versos foi Guitarra de Portugal.

23 setembro 2006

Germano Carvalheda 2



O menino Germano ao lado da sua irmã Mariana, falecida nos anos oitenta.
Não deixa de ser curioso que a pose das crianças é à imagem e semelhança dos adultos.
Naquele tempo, os rostos dos pequeninos eram assim tão diferentes dos de hoje? Ou agora há um deficit exagerado de coletes?
Esta fotografia é muito interessante pelo traje infantil de há 100 anos entre a classe média. Repare-se no laçarote e "bermudas" do rapaz, nos lacinhos e vestido branco de folhos da menina.
A cadeira, por trás, remetendo para o status, dá-nos uma ideia do mobiliário característico da época.



Germano Carvalheda 1


Por trás desta foto pode ler-se: «Germano José Carvalheda. Retrato tirado com 32 anos. Falecido com 33 em 13-07-35».
O poeta alcochetano Germano Carvalheda é filho do negociante Avelino Rato. Morreu no mesmo ano de Fernando Pessoa que provavelmente teria conhecido porque este nosso conterrâneo residia em Lisboa, embora ao mais pequeno pretexto tomasse «o nosso menino» para Alcochete.

Desperdício intencional

A realidade local é pior que a radiografia apresentada nesta notícia, pois há muito que se desperdiça o dinheiro desembolsado por todos a lançar cortinas de fumo sobre a vida autárquica.
Aqui nada se promove nem a interactividade é necessária porque ou nada há para anunciar ou não pode ser publicado.
A informação geral é criteriosamente filtrada e chega-se ao extremo de noticiar uma reunião descentralizada do executivo camarário resumindo os trabalhos à distribuição de benesses a colectividades.
Do plano estratégico é bom nem falar. Provavelmente perdeu-se nas mesmas gavetas da mui badalada auditoria às contas do mandato anterior.
Onde está a informação económica actualizada? Alguém a conhece fora das quatro paredes dos Paços do Concelho?
Num tal ambiente grassa a boataria do costume que, felizmente, nunca poupa o poder. E é muito bem feito, porque ele anda a gozar convosco. Como dizia a minha avó, quem melhor cama fizer nela se deitará.

21 setembro 2006

Medo do medo

Há pessoas inacreditáveis.
Não dizem nada. Não esboçam um gesto. Vivem no pavor que os outros descubram o que realmente pensam. Só lhes interessa a vidinha delas. O umbigo delas. O outro que se lixe. Que se dane. E estão convencidas de que trilham a vereda certa. Fazem pouco dos que lutam contra a porcaria. Não se metem em nada. Acham que têm muito juízo. Eu acho que o que elas têm é medo. Medo do medo, a completa rendição.
Há pessoas inacreditáveis.
Não acreditam que a nossa liberdade se está a ir dia após dia. Os que cá ficarem que se amanhem, pensam elas. Estão-se nas tintas que amanhã obriguem filhos e netos a caminhar com as mãos no chão.
Há pessoas inacreditáveis.
A defesa da liberdade não cabe aos nossos filhos e netos. A defesa da liberdade cabe a nós. A mim porque sou eu que vejo a progressão do monstro devorador. Uma progressão camuflada como a do camaleão e lenta como a da tartaruga. O meu filho não vê nada disto e menos o meu neto que ainda não nasceu.

Avelino Rato 5


Avelino Rato entre amigos em pé à ponta esquerda.
Penso que esta foto foi tirada algures nas Hortas.

Avelino Rato 4


Avelino Rato, sentado ao centro, com os seus homens.
Esta foto sugere um quadro de Malhoa.

Imaginação precisa-se

Pensava alinhar algumas críticas sobre a falta de imaginação para celebrar mais um dia europeu sem carros, mas não é necessário.
Presumo que a maioria dos pacientes visitantes deste blogue entende alguma coisa de inglês e acho preferível fornecer pistas para se documentarem acerca do que se faz por essa Europa fora.
Consulte esta página financiada pela Comissão Europeia e veja o resultado de estudos e experiências de inúmeras municipalidades (uma delas, por sinal, do nosso distrito). Leia com particular atenção cada um dos documentos do quadro intitulado "Press releases for the Prize Award 2006".
Há tantas pistas para pensar em coisas úteis e oportunas.

Penso que Alcochete terá mais encanto no dia em que as "mentes brilhantes" perderem o medo das pessoas e sentarem uma dezena à mesma mesa exclusivamente para pensar.

19 setembro 2006

Avelino Rato 3


Avelino Rato na sua fazenda das Hortas que seria adquirida pelo fazendeiro no último quartel do séc. XX.

Mexam-se pela vossa saúde!

A propósito do encerramento do serviço de urgência do hospital de Montijo – que abrange residentes no concelho de Alcochete – dou público testemunho de experiência pessoal recente.
Segunda-feira, 11 de Setembro, pelas 21h53, acompanhei familiar de 90 anos à urgência geral do Hospital Fernando Fonseca (mais conhecido como Amadora-Sintra). Foi transportada em maca, pelos bombeiros, dado ter ficado, subitamente, paralisada dos membros inferiores. Indiciava problemas vasculares, queixando-se de dores numa das pernas.
O registo de entrada e a triagem demoraram 15 minutos, se tanto. Na triagem foi-lhe atribuído o código laranja, o mais alto na escala de prioridades de atendimento.
Após a triagem foi conduzida ao corredor de atendimento da urgência e aí ficou à espera. Nenhum médico, enfermeiro ou auxiliar se abeirou dessa e de outras macas que ali permaneciam, indagando dos motivos do recurso aos serviços, dos sintomas, das carências alimentares e de apoio para satisfazer necessidades fisiológicas.
Cerca da 01h00, o familiar solicitou informação sobre a hora previsível do atendimento. Não foi possível sabê-lo mas informaram-no haver ainda, à frente, cinco doentes com o mesmo grau de prioridade.
Como a espera continuasse até às 02h30, renova-se então o pedido de informação sobre quantos doentes havia ainda à frente. Os mesmos cinco!
Pede-se o livro de reclamações e elabora-se o respectivo protesto, conforme mandam as regras, por se tratar de doente idosa, hipertensa e diabética. Essas duas maleitas foram indicadas na triagem, tal como o problema nos membros inferiores.
O atendimento médico verificar-se-ia quase seis horas após a admissão, cerca das 04h30 da madrugada. A administração de dois comprimidos e de soro foi tudo o que se conseguiu apurar. Não houve exames complementares.
Até ao momento, o familiar que acompanhava a doente desconhece o diagnóstico.
A doente teve alta por volta das 08h00 de terça-feira, 12 de Setembro. Continuava paralisada dos membros inferiores e foi acolhida na residência de familiares, em Alcochete.
Como os sintomas se mantivessem, dois dias depois os familiares recorrem à urgência do hospital de Montijo. Após exames complementares é-lhe detectada isquémia na perna direita (bloqueio de artérias) e rapidamente transferida para uma unidade hospitalar de Lisboa. Aí continua internada, até à data, com prognóstico reservado.
Em conclusão: após quase seis horas de espera, num corredor, médica da urgência geral de um hospital muito movimentado não desconfia de isquémia ao observar os membros inferiores de uma paciente.
Dois dias depois, médicos da urgência de um hospital pequeno à beira de encerrar pedem exames complementares, detectam a isquémia e, de imediato, transferem a doente para uma unidade especializada. Medearam três horas entre a entrada no hospital de Montijo e a admissão no da capital.
Estes são os serviços de saúde que temos: por razões economicistas subsistem os péssimos, acabam os eficientes.
Lutei por um país e um Estado muito diferentes. Hoje não tenho meios para continuar essa luta.
Agora é convosco.

A revista "Visão"

Esta manhã comprei a revista Visão, o que só faço de vez em quando.
O primeiro artigo a reclamar a minha atenção é "Luz ao fundo do túnel?" de Pedro Camacho (pág. 40). Conforme diz este autor e destaca a revista, «...há matérias em que é preferível encontrar uma boa solução para o País, para as pessoas que nele vivem, a garantir um bom confronto ideológico que não leva a lado algum».
Depois é a vez de um artigo do sociólogo Boaventura Sousa Santos "A Amazónia" (pág. 44). Há 10 anos este homem era um dos meus gurus, confissão de que hoje me envergonho. Ao chorrilho de banalidades do BSS - assim o designávamos num mestrado que frequentei dado pela Universidade Aberta - oponho as palavras de outro sociólogo, Jeffrey Nyquist: «the truth, however, is that the socialist countries (i. e., the old soviet bloc) have damaged the environment far more seriously than capitalism; and it is socialism and not capitalism that threatens to trigger another world war» (http://www.financialsense.com).
Finalmente, na última pág. da Visão, sob o título "Aliança ou cooperação", o mestre insigne Adriano Moreira - que já tive a oportunidade de cumprimentar - parece bater-se pelo restabelecimento da autoridade da ONU. Do que tenho lido deste grande senhor da nossa democracia, este texto será o primeiro que apanha a minha discordância porque, para mim, a ONU trabalha para a instauração de um governo à escala mundial sob a batuta de metacapitalistas. Não me enganei, eu escrevi metacapitalistas.

Avelino Rato 2


Retrato de família com Avelino Rato ao centro. O jovem sentado à direita é o seu filho Germano Carvalheda, poeta alcochetano de grande mérito.

Avelino Rato 1


Por trás desta foto lê-se: «Avelino José Carvalheda. Retrato tirado com 62 anos. Falecido em 02-04-34 com 63 anos».
O alcochetano Avelino José Carvalheda, mais conhecido entre os seus conterrâneos por Avelino Rato, foi um grande homem de negócios.
Sabia de vinhos e era proprietário de várias tabernas em Lisboa.

18 setembro 2006

Hospital de Montijo perde urgência

Recomendo, vivamente, a leitura desta notícia. Li-a sem surpresa, confesso, pois há muito que prevejo o encerramento total do hospital de Montijo.
Muita atenção à última palavra do penúltimo parágrafo.
Ainda há alguém acordado?

17 setembro 2006

Nota explicativa

No meu texto em baixo Uma história de irmãos desavindos, eu deixei a ideia de que o fascismo, para fortalecer a nação, propõe uma aliança do capital com o Estado (a terceira via não é um pouco disto?).
Claro que o fascismo nunca poderia chamar a si o liberal-capitalismo porque na linha de Adam Smith (1723-1790) os liberais privilegiam as liberdades individuais em detrimento do poder do Estado que deve ser limitado.
Ora no fascismo o Estado é um deus por cima de todos e com os olhos bem arregalados para os mais ínfimos movimentos de cada um. Há, portanto, uma incompatibilidade estrutural entre o fascismo e os liberais, exactamente os odiados até às vísceras pelos comunistas. Estes, por estratégia política maquiavélica, atacam o fascismo em nome da igualdade, metendo no mesmo saco o alto capitalismo desejoso de controlar o Estado fascista e o liberal-capitalismo, alvo primeiro a varrer da face da terra porque é o grande obstáculo à expansão do comunismo.

Ai a coerência!


Tomei conhecimento de que o executivo da câmara de Alcochete decidiu, uma vez mais, aplicar em 2007 as taxas máximas de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), tal como vem sendo hábito desde 2004.
Há tempos, neste texto, recordara que, em 2003 e 2004, vereadores da CDU – entre os quais o actual vice-presidente da câmara, António Luís Rodrigues – tinham contestado o exagero das taxas máximas quando eram oposição.
Escrevia eu também, nesse texto, esperar para ver a coerência na fixação das taxas para 2007, porque não se pode ter uma postura na oposição e outra, bem diferente, no poder.
Não precisei de esperar muito para comprovar o despudor desta maioria, cujos representantes criticaram violentamente os socialistas durante dois anos consecutivos, pelo menos, mas acabam de fazer exactamente o mesmo. E sem que se dignem publicar uma única palavra a título de justificação, nem explicarem rigorosamente nada sobre os fundamentos da decisão de remeter tal proposta à Assembleia Municipal (AM)!
Bem sei tratar-se de simples proposta e da decisão final depender do órgão deliberativo. Mas como na AM a maioria é do mesmo partido e duvido que os deputados municipais contrariem a câmara, a fundamentação deveria constar do edital publicado, a única fonte de informação dos munícipes até à data.
E isto porque, conforme quadro que apresentei neste texto, baseado em estatísticas oficiais, o total do IMI a cobrar em 2006, no município de Alcochete, representará quase o triplo do valor da contribuição autárquica (que o IMI substituiu) em 2001.
Recordo que, em finais de 2003, a oposição comunista na câmara previa para o ano seguinte um aumento de receita superior a 30%, com a passagem da contribuição autárquica para o IMI. Essas contas não estavam de todo erradas, porque o aumento real excedeu os 25%.
Tal como o actual presidente da Assembleia Municipal, Miguel Boieiro, disse em sessão de câmara, em Dezembro de 2003, também eu afirmo que quando se apresenta uma proposta deste jaez, incidindo fortemente no bolso dos contribuintes, deve haver alguma fundamentação. E se a do executivo socialista de então era por ele, justificadamente, considerada "dúbia" e "coxa", que poderia eu dizer da ausência total de justificação pública na actualidade?
Recordo ainda que, nessa votação de 2003, a minoria eleita pela CDU – constituída por Miguel Boieiro, Álvaro Costa e António Luís Rodrigues – entregaram para a acta da sessão de câmara uma declaração de voto, na qual assinalam que "o proponente opta comodamente pelos valores máximos, o que denota alguma irresponsabilidade e preguiça, pois numa situação como esta impunha-se que houvesse, no mínimo, projecções com parâmetros de vários níveis".
Mais adiante referem parecer "destituída de verdade a afirmação de que a causa da hipotética quebra (de receitas) provirá principalmente dos prédios antigos, quando se sabe que as respectivas matérias colectáveis, por se encontrarem desactualizadas, serão objecto de maiores aumentos".
Recordo ainda que, no ano seguinte ao do debate acima parcialmente relatado, em sessão camarária de Setembro de 2004, novamente o vereador Miguel Boieiro exporia as suas dúvidas sobre a fundamentação da aplicação das taxas máximas de IMI.
Hoje faço minhas as palavras da oposição da época e, sobre as taxas de IMI para 2007, fico à espera de um gesto de dignidade e de coerência, sob pena de os considerar mentirosos.

16 setembro 2006

A revista "Focus"

A revista Focus desta semana nem sequer me consegue apanhar com a entrevista sacada da Veja a Arnaldo Jabor, peça de que oiço falar há muito tempo.
Então o sr. Jabor está entre os grandes responsáveis pela situação a que chegou o Brasil e agora, aparentemente, posiciona-se contra Lula?

A revista "Sábado"

As pessoas que fazem o favor de ler os meus textos poderão abanar a cabeça, mas hoje foi a primeira vez na minha vida que comprei a revista Sábado.
Se não fossem as páginas de José Pacheco Pereira, João Marcelino, Miguel Monjardino e Alberto Gonçalves, teria feito melhor oferecer o pequeno almoço a um pobre do meu bairro que também os tem.

15 setembro 2006

Uma história de irmãos desavindos

As pessoas que fazem o favor de acompanhar o fio da meada dos meus textos reconhecem a minha persistência em considerar comunismo e fascismo dois ramos do mesmo tronco.
Que tronco é esse? É a sujeição da sociedade à supremacia do Estado. Este, para a consecução de tal fim, tanto no comunismo como no fascismo, serve-se do culto do chefe, da censura, da polícia política, etc.
Mas o paciente leitor poder-me-ia perguntar: por que razão, por exemplo em Portugal, o comunismo combateu o fascismo durante décadas?
Vamos lá então dar inteligibilidade à questão, não obstante de forma sucinta.
O valor supremo do comunismo é a igualdade herdado da égalité da Revolução Francesa. Para se conseguir essa igualdade, o capital tinha que estar sob o controlo do Estado que, qual paizinho babado, o distribuiria com equidade por todos os seus filhos. Claro que, como sabemos, a igualdade era só para a nomenclatura (arregimentados do Estado-Partido) e a massa esmagadora do povo vivia na mais crassa desigualdade.
O valor supremo do fascismo é a nação. Para a sustentabilidade desta, a irmandade fascista defende a aliança do capital com o Estado.
Ora os comunistas guerreiam os fascistas porque os acusam de fazer o jogo dos capitalistas. Mas que capitalistas são estes? Os que sustentam as democracias liberais dentro das regras do livre mercado ou os que medraram tanto à custa deste que lhe querem ditar as próprias normas? Claro que os segundos. Foi o alto capital que viu ensejo de se fortalecer ainda mais à custa da ideologia fascista, o mesmo que hoje, com o avanço camaleónico do comunismo, está na mesma trincheira desta ideologia.
Na verdade, os megacapitalistas estão-se nas tintas para a luta de irmãos desavindos e para o guloso do vencedor que faça as leis em nome seja do que for. Eles querem é controlar o dinheiro do Estado.

Recomendo leitura

Não deixe de ler este texto.
O que eu penso acerca dos problemas da corporação de bombeiros de Alcochete e do desconhecimento geral sobre os mesmos foi expresso, muito antes, nesta e nesta intervenções.

14 setembro 2006

Simplesmente grotesco

Há coisa de 25 anos li Materialismo e Empiriocriticismo de V. I. Lenine. Cheguei a gabar-me perante colegas de Faculdade de ter lido tal obra de fio a pavio.
Hoje, por acaso, peguei no livro, abri-o ao calhas e li as duas páginas à frente dos meus olhos.
Simplesmente grotesco.

13 setembro 2006

Pai e filho


O miúdo da foto é filho de Francisco Bolota, o Victor Manuel que hoje tem 41 anos e vive em Alcochete.
Ver em baixo o texto sobre o jogador de futebol Francisco Bolota.

Acudam aos Barris


Os executivos camarários de Alcochete – este e o anterior – lidam mal com coisas banais, como sejam as zonas verdes, a pequena criminalidade e a conservação dos chamados espaços de utilização comum. O anterior pagou por isso na hora própria e, pelo que se viu até agora, este para lá caminha. Já não se aprende nada com erros alheios?
Admito haver escasso dinheiro para grandes obras, mas parece-me imperdoável que um município e os autarcas que o governam andem tão distraídos que não enxergam coisas erradas que um cidadão topa a cada esquina.
Hoje dou público testemunho do resultado das minhas deambulações pela urbanização dos Barris, situada em Alcochete, entre a escola secundária, as traseiras do quartel dos bombeiros e o depósito de água, a tal onde inúmeros prédios estão um nojo por causa da construção da pomposa variante.
E não creio que a chuva resolva esse problema, porque a poeira acumulou-se em camadas nos locais onde ela não entra. Alguém deveria limpar os edifícios.
Como escrevi em tempos, nomeadamente aqui, considero pequena criminalidade a recente onda de pintura de paredes em Alcochete.
Nos Barris pinta-se tudo, incluindo mármores e cantarias de frontarias e empenas de edifícios, superfícies porosas onde é muito difícil (às vezes mesmo impossível) remover tais inscrições.
Embora haja sinais visíveis de que alguns condomínios gastaram dinheiro a tentar remediar a situação, terá sido dispêndio inútil porque novas inscrições foram já sobrepostas.
É tempo de autarquias, polícia, escolas, pais e os cidadãos em geral fazerem alguma coisa para evitar males maiores.
Passando a questões da exclusiva responsabilidade municipal, alerto que a maioria dos espaços verdes dessa urbanização está mal cuidada. O calor não serve de desculpa, pois há ervas daninhas e recantos pura e simplesmente abandonados.
Inevitavelmente terei também de abordar a questão dos arbustos e do arvoredo, problema que subsiste desde o início da construção da urbanização.
Nunca vi aparar arbustos nos Barris, que crescem ao Deus dará, mas conheço espaços desse bairro onde, em três ou quatro anos, a autarquia já plantou três tipos distintos de árvores. Sempre sem sucesso, porque umas secam e outras não medram.
A realidade é que, ao fim de seis anos, a urbanização onde residem quase um milhar de pessoas continua sem uma única árvore capaz de dar sombra.
Muito mais preocupante, sobretudo por problemas recentes que abordei neste texto, é o caso das grelhas destruídas, empenadas ou desaparecidas e da péssima rede de drenagem de águas pluviais que elas protegem. Situam-se nas traseiras dos edifícios, junto às garagens, são demasiado frágeis e não suportam o vaivém constante de automóveis.
Tendo sido a câmara que autorizou e permitiu, na maioria dos casos há menos de cinco anos, a instalação de sistemas de escoamento visivelmente inadequados em caso de chuva torrencial – alguns até com erros clamorosos de concepção e construção, como demonstrei no texto acima citado – cabe-lhe corrigir as anomalias, tanto mais que tomou posse da urbanização há pouco mais de um ano.
De contrário, receio que ocorram mais inundações graves e incontroláveis e daí resultem sérios prejuízos para proprietários de garagens. E talvez até para a própria câmara, se alguém recorrer à justiça.
Repito o que escrevi mais acima: admito haver escasso dinheiro para grandes obras, mas parece-me imperdoável que um município e os autarcas que o governam andem distraídos e não reparem em pequenas coisas com maior relevância que os elefantes brancos, sobretudo porque se prendem com a qualidade de vida à beira da casa dos munícipes.
Deixo para o final uma observação ao conselho executivo e às associações de alunos e de pais da Escola Secundária de Alcochete. Que pena tenho em ver uma escola nova e bonita rodeada de canteiros ao abandono.

12 setembro 2006

A grua não sabe voar (4)


Há seis meses escrevi três textos sob o mesmo título (poderá revê-los aqui, aqui e aqui), relacionados com a grua usada na construção de um bloco de habitações situado entre o quartel de bombeiros e o Centro de Saúde de Alcochete.
Aparentemente a grua está ali esquecida há anos, embora represente sério risco.
Volto hoje ao assunto para alertar o Serviço Municipal de Protecção Civil que o centro de gravidade da grua me parece agora perigosamente deslocado, fenómeno nunca notado em inúmeras observações anteriores.
Como nos aproximamos da época do tempo agreste, na qual estas estruturas são sujeitas a tremendo esforço, fica expresso novo alerta.
Agora é convosco: a grua não sabe voar mas pode tombar e, se tal suceder, só por milagre não haverá sérios danos materiais e humanos.

Francisco Bolota, atleta emérito de Alcochete


Francisco Estêvão Bolota, o Chico, filho de Francisco Bolota e Gervásia Bolota, nasceu em Alcochete a 20-04-46.
Logo aos 16 ou 17 anos começou a jogar no nosso Desportivo. Em 1966/67 passou ao Barreirense, clube da 1ª divisão que reteve o Francisco durante duas épocas. Depois ingressou no Grupo Desportivo do Montijo onde se manteve uma época neste clube da 2ª divisão. De seguida foram cinco épocas no União de Tomar, 1ª divisão. Voltou por duas épocas ao Grupo Desportivo do Montijo, já na 1ª divisão. Quando este clube desceu para a 2ª divisão, viu o jogador alcochetano servi-lo por mais três épocas.
Em 1977 parte para o Canadá e joga no Toronto-Itália. Regressa a Portugal para jogar duas épocas no Juventude de Évora. Deste clube português voa para os Estados Unidos da América e entra no Rochester Lancers, clube que estava num patamar correspondente aos da 1ª divisão em Portugal.
Estas são algumas pinceladas do percurso de Francisco Bolota que teve uma vida desportiva muito rica.
Mas há uma faceta deste grande atleta que não é esquecida por nenhum alcochetano. No segundo lustro dos anos 60, Francisco Bolota foi forcado do Aposento do Barrete Verde com António Luís Penetra (o cabo), Manuel Pinto, José Barrinha, António José Pinto, Victor Marques, Francisco Sequeira, Gregório Bolota, Aníbal Pinto e outros.
De todos os alcochetanos vai um grande abraço de gratidão para Francisco Bolota que se encontra no Canadá ligado a diversas actividades desportivas com sessenta anos de idade.

11 setembro 2006

Já agora...

Já agora, depois de me referir ao Diário de Notícias e ao Expresso, termino a maçar-vos com o Público. Comprei a edição de hoje deste jornal aqui na famigerada gasolineira dos Barris e li-o no Cantinho do Estudante do mesmo bairro.
Na página 11, Mário Pinto, no seu artigo Qualidade de vida, política e educação fala de uma espécie de ecologia da libertação que não passa de um imanentismo barato.
Na mesma página, Eduardo Prado Coelho fala de futebol e mais não digo.
Na página seguinte, Pedro Magalhães, no seu artigo A ameaça terrorista, cinco anos depois, diz que não devemos subestimar o terrorismo, mas também não devemos sobrestimá-lo.
Se eu perguntasse à mulher que perdeu o marido às mãos dos terroristas, à mãe o filho, à irmã o irmão, etc., se concordavam com a opinião de Pedro Magalhães, que me responderiam?
Uma coisa garanto eu, meu caro leitor: a respeito de jornais portugueses, nunca mais lhe farei perder tempo.

É desta que dão à luz?

Escrevi há quase seis meses sobre o assunto acessos ao IC13 apagados e folgo em saber que um deputado da nação decidiu levar o assunto ao parlamento.
Cuidava eu que a vocação da casa da democracia era tratar assuntos menos prosaicos que a iluminação de estradas públicas mas, pelos vistos, estava enganado.
Antes assim, para acordar quem anda a dormir no trabalho. Talvez tenhamos, finalmente, o caminho de casa um pouco mais iluminado.

Flamingo morto em Alcochete


Aqui ficam mais duas imagens obtidas pelo autor do texto anterior.
O cadáver da ave está preservado de acordo com as regras recomendadas pelas autoridades sanitárias e foi posto à disposição da RNET e da SPEA pelo citado autor.







Estou revoltado (triste epílogo)


Segue-se o relato na primeira pessoa, da autoria do eng.º Dias de Sousa, que citei também no primeiro texto de ontem.
Esta missiva foi-me enviada pelo autor por e-mail e pela mesma via seguiu também para a Reserva Natural do Estuário do Tejo (RNET) e para a Sociedade Portuguesa para o Estudo de Aves (SPEA):

Infelizmente, esta manhã não foi preciso chamar o SEPNA da GNR. Por volta das 7h00, encontrei o jovem flamingo morto.
Tinha saído da água onde se encontrava ontem e o seu corpo, inanimado, jazia em terra a um ou dois metros do bordo do "caldeirão" da marinha.
Voltei-o para ver o que eu pensara ser uma asa ferida. Ontem, ao fim da tarde, ao vê-lo bater as asas com dificuldade e ao vislumbrar uma cor avermelhada debaixo de uma asa, admiti ser essa a causa. Na realidade era, simplesmente, a cor natural (cor-de-rosa) das suas plumas.
Não vi qualquer ferida.
O flamingo encontra-se actualmente num saco plástico, a 2º Celsius, à vossa disposição para eventual análise (o autor refere-se à RNET e à SPEA).
Gostaria de aproveitar a ocasião para pedir desculpa à SPEA pelo facto de não ter visto no seu "site" nenhum centro de revalidação de aves. Na realidade, a minha tradução do francês "Centre de revalidation" estava simplesmente incorrecta. Deveria ter procurado por Centro(s) de Recuperação.
De qualquer maneira, quando visitei o "site" da SPEA não cheguei à parte dos "links" que dá acesso aos Centros de Recuperação. Já agora, aqui deixo uma sugestão à SPEA: quando se procura um Centro de Recuperação há fortes probabilidades que se esteja sob algum "stress" e bastante pressa de salvar um animal. Penso, por isso, que seria desejável que os Centros de Recuperação estivessem logo visíveis, com subtítulo, na página de entrada da SPEA.
Por que o animal teve ontem estranha atitude e acabou por morrer sozinho, na terra, durante a noite? Não sei. Os peritos provavelmente o dirão.
No entanto, pode constatar-se uma coisa: o nível das águas das marinhas próximas do Rio das Enguias tinha subido abruptamente e de maneira escandalosa durante a noite de Sexta-feira para Sábado (tanto quanto sei houve uma maré viva).
Digo-o porque considero um escândalo o facto de ainda não se ter feito nada, desde há pelo menos quatro anos, para mandar de volta para Espanha os pescadores de camarinha que devassam esta região.
É tanto mais escandaloso quanto as marinhas se inserem na Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo e são um local predilecto de uma variedade enorme (tanto em qualidade, como em quantidade) de aves marinhas, sobretudo de limícolas.
Observei, por exemplo, esta manhã (Domingo) – e tenho um filme que o pode provar – que várias dezenas de flamingos quiseram alimentar-se no mesmo "caldeirão" de onde saiu o jovem que morreu durante a noite. Mas só conseguiram refúgio, imagine-se, nos "muros" da marinha. Isto é, em terra!
Dali a uma ou duas horas já lá não estava nem um! E durante todo o dia de Domingo vi vários bandos de flamingos, às voltas, sem que encontrassem local adequado para pousar.
Por isso, uma das hipóteses talvez viável, para justificar a morte desta jovem ave, poderá ter sido o facto de se ter encontrado "encurralado" entre águas extremamente altas (de onde lhe é muito difícil levantar voo) e a terra, que não é de maneira nenhuma o seu "habitat". Talvez tenha morrido simplesmente de pânico, abandonado pelos seus semelhantes, sem saber o que fazer.
É evidente que o estado actual das marinhas é sabido pelo ICN, pela RNET e pela SPEA.
O que é de admirar é que não se faça nada para evitar esta catástrofe, há tantos anos posta a nu.

Pela minha parte nada mais tenho a acrescentar. Apenas devo recordar que o eng.º Dias de Sousa denuncia, há vários anos, a destruição das antigas marinhas da Atalaya (situadas nas imediadações da EN118, em Alcochete), inseridas na ZPE do Estuário do Tejo, transformadas em viveiros de camarinha por indivíduos estrangeiros, embora nenhuma entidade pública os tenha autorizado a exercer tal actividade.
A pessoa em questão possui filmes e fotografias que documentam amplamente o que ali se tem passado.

10 setembro 2006

Hoje, excepcionalmente...

Hoje, excepcionalmente, a meio da tarde, comprei o Diário de Notícias e li-o de ponta a ponta na esplanada do Cantinho do Estudante, aqui no Barris.
Apenas um artigo na tribuna livre, cujo autor é um senhor de Ermesinde, José A. Ribeiro de Carvalho, revela uma profunda consciencialização do momento que o mundo atravessa nestes tempos conturbados.
Outros autores, bem conhecidos da nossa praça pública, dão uma no cravo outra na ferradura, para não falar de figuras bem pensantes que, do alto da sua cátedra, mais não fazem do que ordenar uma catadupa de lugares comuns.

Post scriptum - à noite, virei-me para o novo EXPRESSO que pode ser consultado totalmente na Internet. Li boa parte deste semanário, mas, a mim, só me caiu no goto o artigo intitulado Poder da Europa de José Cutileiro.

Estou revoltado (2)

Sob a designação Centro de Revalidação de Aves Feridas também nada encontrei em Portugal, até ao momento, na Internet. O que é natural pois o termo "revalidação" tem entre nós significado distinto.
Contudo, localizei oito referências a Centros de Recuperação de Animais Selvagens, tais como constam deste e deste documentos.

Estou revoltado


Ontem (sábado), por volta das 19h00, o eng.º Dias de Sousa, residente nas cercanias das antigas salinas da Atalaya, na EN118, em Alcochete, encontrou um flamingo juvenil ferido numa das asas, refugiado no canto de um dos caldeirões da marinha da Atalaya (ver imagem acima).
Telefonou para a Reserva Natural do Estuário do Tejo mas ninguém respondeu.
Tentou ver no "site" do Instituto de Conservação da Natureza quais os Centros de Revalidação de Aves Feridas disponíveis, mas não encontrou nenhum.
Fez uma pesquisa na Internet em Centro de Revalidação de Aves Feridas, mas não encontrou nenhum em Portugal.
Fez uma pesquisa por "aves" e nos 100 primeiros "sites" não encontrou nenhum Centro de Revalidação de Aves Feridas.
Como é membro da Sociedade Portuguesa para o Estudo de Aves, foi ao "site" dessa entidade e também não encontrou nenhum Cento de Revalidação de Aves Feridas ou coisa semelhante.
Será possível ? Ou não procurou bem? Será que não há nenhum em Portugal?
Hoje (domingo), se o animal ainda lá estiver, vivo, contactará com o SEPNA da GNR, pois talvez eles possam ajudar.
A sua questão final é esta: na Bélgica – que tem um território três vezes mais pequeno que o de Portugal e não possui uma das áreas mais férteis em aves marinhas da Europa – existem 22 centros de revalidação de aves feridas. Em Portugal não há nenhum?
O eng.º Dias de Sousa também é membro da Ligue Royale Belge pour la Protection des Oiseaux e sabe do que fala.
Pedi-lhe que me relate o desenlace desta história e prometo revelá-lo o mais depressa possível.
Peço aos "blogueiros" que espalhem esta história e façam qualquer coisa pela conservação da Natureza.
Peço aos alcochetanos – que vivem na terceira mais importante zona húmida da Europa, povoada por dezenas de milhar de aves limícolas, na qual se situa a sede de um departamento público de conservação da Natureza (RNET) – que interroguem o poder político sobre o assunto.

09 setembro 2006

Auto-estrada líquida

Não conheço na Europa cidade com rio navegável que revele a mesma indiferença de certas localidades portuguesas em relação a esse benefício.
No entanto, de vez quando aparece alguém a recordar que uma auto-estrada líquida serve para mais alguma coisa que o despejo de esgotos.
Agora lembraram-no em Santarém.
E nós a ver passar porcaria e imundice...

Da ideologia feminista de género às políticas anti-natalistas

Começo por falar na primeira pessoa para que a mensagem chegue melhor ao(s) destinatário(s).
Eu sempre julguei que a minha masculinidade estivesse fundamentalmente determinada pelo meu sexo, mas hoje vêm-me dizer que as coisas não são assim, que eu sou heterossexual porque culturalmente não tive outra escolha. Por outras palavras mais terra à terra: a minha orientação sexual foi-me imposta pela cultura. Para quebrar estas amarras, eu genderizo-me como quiser, isto é, escolho o género (gender) entre um vasto leque de ofertas na banca da sexualidade.
O fim da ideologia feminista de género não visa só destruir a família, célula da Civilização Ocidental e objecto de ódio da ideologia marxista, mas - tal como o aborto e o ecologismo - controlar a natalidade à escala planetária.
Na verdade, que verifico eu? Verifico, por exemplo, que a estreita homossexualidade e a trans-sexualidade acabam com a fertilidade. Desta forma, a ideologia feminista de género está ao serviço de políticas anti-natalistas para o mundo inteiro com o total comprometimento da Organização das Nações Unidas.

Deserto de ideias e projectos

Sem surpresa, embora lamentando-o, verifico que o município de Alcochete continua um deserto de ideias e de projectos susceptíveis de financiamento por fundos comunitários.
O problema é antigo e inexplicável, perdendo-se sucessivas oportunidades de captar cooperação, conhecimento e ajudas ao planeamento e desenvolvimento harmonioso do território.
Vem isto a propósito da operação-quadro de cooperação regional denominada MARE (Mobilidade e Acessibilidade Metropolitana nas Regiões do Sul da Europa), financiada por fundos comunitários, que se propõe encontrar novas soluções para os problemas da mobilidade e acessibilidade nas regiões metropolitanas de Lisboa, Ligúria e Comunidade Valenciana.
Esta operação tem como objectivo central a criação de uma estratégia integrada de mobilidade metropolitana que potencie o desenvolvimento e a competitividade internacional e resulta do trabalho conjunto das regiões participantes.
Através da partilha de experiências, a MARE propõe-se desenvolver novas abordagens e introduzir novos instrumentos, com vista à definição de soluções inovadoras para os problemas da mobilidade metropolitana nas regiões do sul da Europa.
Embora todos conheçam – quanto mais não seja por dolorosa experiência própria – os problemas de mobilidade dos alcochetanos, surpreendentemente o nosso município não consta da relação de entidades que, até à data, submeteram propostas de sub-projectos à iniciativa MARE.
Mas está muito a tempo de fazê-lo, porque o prazo-limite de submissão de propostas é o dia 16 de Outubro.

08 setembro 2006

O verdadeiro intelectual

Na última meia dúzia de anos tenho lido textos de alguns dos melhores analistas liberais do mundo, a saber, Jeffrey Nyquist, Daniel Pipes, Thomas Sowell, etc.
Assusta-me bastante a visão que hoje tenho do homem e do mundo, mas mais me assusta a ideia de que, por um triz, eu poderia morrer privado dessa visão. Se tal acontecesse, seria como se não tivesse nascido.
O primeiro autor que me fez estremecer com a convicção de que uma grande fraude se abate sobre a Humanidade foi René Guénon. Depois, Eric Voegelin e Olavo de Carvalho apareceram na minha vida e corrigiram os pormenores.
Hoje, quando abro qualquer jornal só vejo engano e rapina. O povo está à mercê de feras que o odeiam. Só os verdadeiros intelectuais podem e devem salvar o rebanho.
E antes que me perguntem o que é um verdadeiro intelectual, eu respondo: é aquele que pensa, chega a conclusões e age fora da ideologia, discurso do interesse.

São Francisco reclama

Eis um bom exemplo de obras de São Francisco em relação às quais se faz de conta que andam, mas não andam há demasiado tempo.
Com a agravante de que os pisos das vias alternativas são provisórios e têm-se vindo a degradar, conforme assinalei aqui há muito tempo.
Aliás, é bom notar que o previsto neste blogue no passado mês de Abril (possibilidade de inundações) sucederia dois meses depois e nada nem ninguém pode garantir que não venha a repetir-se o fenómeno quando a chuva regressar.
Tudo porque mais um Verão passou sem que fosse aproveitado o bom tempo para pôr as coisas na devida ordem.
A segurança de pessoas e bens e a circulação de peões e de veículos não podem ser prejudicadas por força da edificação de novas urbanizações e dos respectivos acessos.
As vias de comunicação deveriam ter sido regularizadas antes da emissão de licenças de construção, sejam as obras da responsabilidade da autarquia, dos operadores de serviços públicos ou dos urbanizadores. No entanto, quando há já novos edifícios a caminho de serem ocupados ninguém sabe ao certo quando estará normalizada a circulação no centro da freguesia de São Francisco.
Como também ninguém sabe se o pré-escolar, a escola básica e o centro de saúde terão capacidade para satisfazer as novas demandas.

Pior é difícil

Enquanto no município de Beja se cumprem promessas eleitorais de envolvimento da população nas decisões camarárias, entre o rio das Enguias e a praia de Samouco – onde também se prometeu muito, mas nada de significativo foi ainda notado nem pelos condescendentes – fazem-se os possíveis para manter as pessoas tão distantes quanto possível dos processos autárquicos.
E não me digam que as reuniões camarárias descentralizadas representam algum avanço nessa matéria, pois não se enxergam quaisquer vantagens nem as reuniões têm sido aproveitadas para a apresentação e esclarecimento de ideias e projectos de interesse local.
Bem pelo contrário, as pessoas conhecem cada vez menos e estão ainda mais alheadas da realidade autárquica do que há 10 meses.
Em menos de um ano fazer pior era difícil.

07 setembro 2006

Outra obra inacabada

Muito estimo que até ao início das aulas estejam instalados e em funcionamento todos os semáforos da pomposa variante urbana de Alcochete.
Como se não bastasse um fórum cultural implantado no meio do deserto, agora faltam os semáforos na zona mais crítica da pomposa variante: a situada junto à escola D. Manuel I.
Tornou-se moda obras municipais inacabadas em Alcochete?
E ninguém se explica nem pede desculpa?

O artigo de Luís Filipe Menezes

O artigo de Luís Filipe Menezes "Fazer a diferença" que hoje se pode ler no Correio da Manhã aponta bem o rumo para o PSD.
A alma do povo português é de direita. PSD e CDS, unidos na diferença, devem consolidar mensagens credíveis perante todos os eleitores...antes que seja tarde.

05 setembro 2006

Identidade e diversidade

Homem e mulher são uma identidade porque ambos são pessoas. Aqui eles não se complementam entre si porque nenhum ser humano é menos pessoa que outro. A complementaridade entre homem e mulher é levada a cabo na diversidade das experiências de vida.
As pessoas homem e mulher juntam-se pelo casamento para a consecução de um projecto permanente, alvo que solicita a convergência das diferentes experiências de ambos e é asselado pela relação amorosa.
Portanto, a ideia feminista, infelizmente já defendida por mim em tempos de treva, de que a complementaridade está ao serviço do domínio do homem sobre a mulher porque sugere que esta não é uma pessoa completa, revela-se uma desonestidade intelectual absolutamente repugnante, o que não deve surpreender ninguém, pois os feminismos em geral são movimentos de inspiração marxista. Esta ideologia nega que a igualdade entre pessoas se afirma no plano ontológico.
Somos iguais porque somos pessoas. Mas pelo próprio facto de sermos pessoas, somos indivíduos todos diferentes. Portanto, iguais em dignidade, diferentes na individualidade.

Ainda sobre a categoria feminista de género

Ainda sobre a categoria feminista de género, consulte o texto castelhano em http://www.arvo.net/pdf/Genero(3).htm