31 março 2006

A gripe das aves


Meus amigos, cada vez temos que ficar mais atentos porque cada vez há mais homens e mulheres, acoitados em todos os partidos de esquerda, a cortar o compromisso com a ordem dos valores que fizeram a nossa civilização.
Alguns desses valores são o respeito pelos direitos individuais, a propriedade privada, a livre iniciativa, etc.
O seu a seu dono é um valor cristão por cima do qual se tenta imperceptivelmente passar.
Em nome de valores meramente intramundanos como os que decorrem do ecologismo, vários proprietários pouco ou nada podem fazer nas suas próprias terras.
Sem pretender reduzir a problemática em torno da gripe das aves a uma mentira absoluta, a verdade é que a pretexto dessa moléstia se está a atacar grandes empresas aviárias.
Será que a gripe das aves é qualquer coisa muito empolada contra a civilização industrial, isto é, contra o progresso? Fica esta pergunta para quem não deixa que outros pensem por si.

Uma quadra de António José Paulista


Linda terra de Alcochete,
Cada vez estás melhor!
Que ninguém de ti se ausente,
Faça as compras na Freeport.

Até breve!


Durante uns dias esta cadeira permanecerá sem ocupante. Até breve!

Política: a minha visão (1)

O PCP de Alcochete sabe bem que, nas eleições locais de 2001, a sua derrota nada teve a ver com «Trabalho, Honestidade e Competência». Candidatos filiados e independentes não eram uma corja de mandriões, desonestos e incompetentes.
Tal como a vitória recente resultou, sobretudo, do voto útil e de um conjunto de circunstâncias sobejamente conhecidas dos mais atentos, todas exteriores ao partido, embora tenha havido algum hábil trabalho de desgaste dos socialistas, nomeadamente junto do pessoal da câmara e da população receptiva.
A diferença mais visível, entre 2001 e 2005, esteve na qualidade das campanhas, a última melhor planeada e executada. Mas a estrutura organizativa manteve-se quase imutável e, salvo algumas trocas de posições, os principais derrotados de 2001 foram "repescados" e venceram em 2005.
Em 2001, houve quatro razões concretas para o partido perder e ser afastado do poder, ao fim de 19 anos de maiorias quase sempre esmagadoras.
Primeira, na parte final do mandato houve sérios desentendimentos internos. Lembro o caso DDI, a fábrica de destruição de munições de guerra, em Rego da Amoreira. A divisão perdurou durante a campanha eleitoral, mal delineada e conduzida. Uma semana antes das eleições, a CDU estava trancada em casa e o PS tomou conta do terreno.
Segunda razão, durante cerca de ano e meio o vencedor desgastara e fragilizara o poder junto da opinião pública letrada e atenta, mormente através de dirigentes das colectividades e da comunicação social.
Terceira, perdeu porque os funcionários da câmara e os dirigentes das colectividades estavam fartos de um executivo forreta. A câmara é um montepio e o maior empregador de residentes no município, dela dependendo, directa ou indirectamente, quase todas as colectividades e centenas de famílias de fracos recursos (umas 3.000 pessoas, pelas minhas contas).
Dirigentes associativos, empregados da câmara e respectivas famílias tinham (e terão nos próximos anos, sempre que a abstenção for elevada) o poder de ditar o desfecho eleitoral no município.
Quarta razão: o "chumbo" da primeira versão do empreendimento Freeport, pouco antes das eleições, ingenuamente "vendido" como uma espécie de taluda para o concelho. Essa foi, sem a menor dúvida, a pazada de terra decisiva sobre o cadáver do poder então vigente.
Fico-me por estas quatro razões concretas, pois o melhor é não cavar muito fundo.

(continua)

Joaninha


Luís Pereira enviou-me o seguinte texto e a imagem ao lado. Há em ambos recordações de infância de muitos alcochetanos:

As crianças são, na sua alegre inocência e transparência, o despertar da esperança e a expressão viva da consciência de uma comunidade.
No meio dos jogos das taurinas, na condução do arco, no interlúdio da escola onde era hábito jogar à bola com a matéria de que se fazem as meias (ou outra qualquer), no meio da calçada onde se jogavam com os dedos as tampas dos refrigerantes apontadas para o bocal da condutas das águas pluviais, no arremesso de pedras durante a caça aos pássaros com a agonça, na malha jogada ao pé cochinho sobre os quadriláteros desenhados no areal, nas lutas de espadachim feitas de espadas de madeira artesanais, surgia sazonalmente um insecto.
Dotado de élitros e asas protegidas desfraldando as cores do estandarte local, um insecto amigo aterrava, sazonalmente, sobre a nossa pele tisnada pelo sol, no meio do ambiente perfumado pelos aromas das flores bravas do campo.
Todos saudavam, tradicionalmente, o recém-chegado desta forma (lembram-se?):

"Joaninha avoa, avoa,
Qu tê pai tá em Lisboa
Com um saque de farinha
Pra dar à Joaninha"

Depois de recebida a saudação amiga, o insecto agradecido levantava a âncora e esvoaçava, silenciosamente, por entre as gentes, sob o aplauso da criançada. Era uma festa!
Alguns tópicos sobre o insecto:
Joaninha é o nome popular de um insecto da família Coccinellidae. Os cocinelídeos possuem corpo semi-esférico, cabeça pequena, patas muito curtas e asas membranosas muito desenvolvidas, protegidas por uma carapaça quitinosa.
Há cerca de 4500 espécies dentro deste grupo, distribuídas por 350 géneros, distinguíveis pelos padrões de cores e pintas da carapaça.
As joaninhas são predadores no mundo dos insectos e alimentam-se de afídeos, moscas da fruta e outros tipos de insectos. Uma vez que a maioria das suas presas causa estragos às colheitas e plantações, as joaninhas são consideradas benéficas pelos agricultores.

30 março 2006

E mais esta...

Charca de abeberamento e gramíneas para pasto.
Fórum Cultural, (pormenor).

Obrigado ao «Escândalos no Montijo»

O blogue do concelho vizinho, sempre atento ao que se passa em Alcochete, referencia hoje esta peça de António.
O condomínio «Praia dos Moinhos» agradece a Bruno Morais a deferência.

Fotografe os problemas, mande-nos as imagens


Nenhum dos autores deste blogue tem a pretensão de conhecer todos os problemas existentes no concelho de Alcochete. No entanto, é importante referenciar o máximo possível para que haja soluções rápidas e oportunas.
Daí este apelo à vossa inestimável colaboração.
Enviem, por favor, via e-mail, para um dos contactos indicados na coluna da esquerda, imagens e informações sobre problemas e assuntos de carácter geral e interesse público que desejem ver resolvidos em Alcochete, Samouco, São Francisco, Passil, Fonte da Senhora, Barroca d'Alva, Pontão, Rilvas, Pinhal do Concelho, Monte Laranjo, etc.
Respeitaremos o anonimato, sempre que tal seja solicitado.
Qualquer dos condóminos deste blogue continuará a andar por aí, de máquina fotográfica em punho. Mas se aos três se somarem trinta, talvez haja soluções mais depressa.

A lista de assuntos pendentes será actualizada e publicada mensalmente, tal como a das soluções.

Apoiado

A decisão governamental constante desta notícia peca somente por duas coisas: não ter sido adoptada há mais tempo e não prever que os encarregados de educação dos menores de 18 tenham também de exibir o cartão de recenseamento eleitoral no acto da primeira matrícula dos dependentes.
Alcochete é um bom exemplo dessa necessidade.

A variante da vergonha

Finalmente, a variante da vergonha chegou ao fim.
Serão uns 400 metros de asfalto cujas obras se arrastaram penosamente durante mais de um ano.
Mas pronto, cá temos o alcatrão da 2ª fase da variante urbana a reluzir ao Sol. Não obstante tudo, a nossa pobreza obriga-nos a suspirar de alívio (a revolta é um luxo, razão por que não nos abalançamos a tão altos voos).
Alívio aparente, porque a nova via levanta problemas de resolução bem difíceis: de um lado os Flamingos, do outro os Barris; de um lado a Escola El-Rei D. Manuel I, do outro a Escola Secundária de Alcochete.
Por outras palavras: a variante é o diâmetro de uma circunferência cuja área é duma densidade populacional muito elevada. Face a esta realidade incontornável, que farão os nossos avisados autarcas? Resolverão os problemas com semáforos? Com uma ponte aérea? Com estas duas coisas em simultâneo? A concretização desta última pergunta é, no mínimo, o que exigem preocupações de segurança sérias, uma vez que, para já, parece estar arredada a hipótese de um túnel.

Praia dos Moinhos

(Clique na imagem s.f.f.)
Bom dia!

Olh'á barraca fresquinha!


A Praia dos Moinhos está em obras (a autêntica e não este condomínio blogosférico). Já não era sem tempo, caramba!
Presumo ser coisa semiclandestina porque, contrariamente ao que a lei prevê, ninguém mandou afixar placa com as indicações do tipo de intervenção, do proprietário, do executante, dos técnicos responsáveis, do prazo de execução, do custo da obra, etc., etc.
Num dos extremos existe apenas placa publicitária de empresa de jardinagem. Será uma pista para Hercule Poirot?
A meu ver será, porque a obra é antigo compromisso do urbanizador dos blocos de apartamentos situados frente à praia. E só não foi concretizada na devida ocasião porque alguém teve mais olhos que barriga.
Passemos adiante, porque esse alguém já foi despedido com justa causa.
Admitamos que aquilo é surpresa da Primavera e a autarquia decidiu manter a obra sigilosa, para a anunciar com estardalhaço. Faz mal, penso eu. Mas as boas e as más acções facturam-se na época da caça ao voto.
O que aqui me traz não são essas obras mas o inestético T0 – cuja imagem apresento acima – fresquinho e com vista privilegiada sobre o rio, esquecido no areal, entre um velho moinho e o Pikolé.
Aquilo tem acabamentos de quinta categoria, não dispõe de cozinha nem anexo para aflições intestinais, não pagou certamente imposto de palhota e jamais pagará imposto de turismo ou de imóveis, pelo que deveria ser levado dali o mais depressa possível. É feio, porco e mau aquele T0!
Montem-no apenas quando faz falta e pelo período estritamente necessário à função, que julgo serem poucos dias no Verão.
Vá lá, cuidem da paisagem. Levem dali a barraca fresquinha!

29 março 2006

Números curiosos


Se a economia nacional subisse tão vertiginosamentre como a audiência deste blogue, Portugal era um país das Arábias.
Se a popularidade do executivo municipal estivesse assim em crescendo, Alcochete era o Paraíso.
A linha vermelha no gráfico define a data de início deste blogue.
Estimados condóminos António e João: esta vitória também é vossa!

Apagada e vil tristeza

No mais, Musa no mais, que a lyra tenho
destemperada e a voz enrouquecida,
e não do canto, mas de ver que venho
cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se accende o engenho
não no dá a patria, não que está mettida
no gosto dea cubiça e na rudeza
de huã austera apagada e vil tristeza.

Os Lusíadas, Canto X, estrofe 145

Comovente!

O agradecimento que presto reconhecido ao "Trabalho, Honestidade, Competência" da CMA.
Parabéns!

Comovente!


A preocupação que a CMA evidencia com a mobilidade e conforto dos munícipes!

Comovente!

A atenção que a CMA dedica aos problemas sociais!

Comovente!


O cuidado que a CMA dispensa à fruição do Património!

Um conto para os jovens

Pelo lugar e barulho que vinha de dentro, aquele barracão parecia o que lhe tinham indicado. Um medo cada vez maior ia-se apossando dele à medida que se aproximava do antro. A porta estava só encostada. De dentro era a música. Decidiu-se a entrar confiado no plano. Uma dúzia de caras, mais rapazes que raparigas, voltou-se ao mesmo tempo como se obedecesse a um comando. Talvez julgassem que fosse um polícia porque desligaram o gravador. Levantou-se a voz de uma moça para dizer que aquele rapaz tinha sido o seu primeiro namorado. Todos riram aliviados e convidaram o intruso a sentar-se. Sobre uma mesa comprida havia peças várias de automóveis, molhos de chaves, ferramentas de todos os tipos. Um dos rapazes encheu um copo e estendeu-lho. Ele ia aceitar, mas levou com a cerveja na cara. As gargalhadas soaram como balas de metralhadora. Ele não reagiu. Enquanto limpava a cara com um lenço que tinha tirado da algibeira, empurraram-no da cadeira e ele caiu no chão aninhado como um feto. As gargalhadas levantavam-se como cobras furibundas acossadas pelo fogo. Ouviu-se um grito, «Parem!». Era a voz da mesma moça. Todos olharam maquinalmente para ela como se não a reconhecessem. Perguntaram-lhe ameaçadoramente que grito tinha sido aquele. Ela respondeu aos amigos que também faziam pouco dela. Disseram-lhe que não estavam a perceber. «Já disse, ele foi o meu primeiro namorado! Ele é bombeiro!» Fez-se um silêncio estúpido entre os rapazes. Ele sentia aquela luz amarelenta como mó sobre si. Fixou Cláudia Sofia e começou a rememorar um poema antigo, «Cláudia minha/Eu te adoro/Tão menina/ Por ti choro/Teu olhar/Sempre atento/Vou lembrar/Vezes cento». Rebentaram de novo as gargalhadas, mas um matulão berrou a rir-se, «Estou a topar, deixem ouvir o poeta!» Todos se calaram, ficaram só os sorrisos de escárnio. O bombeiro já ia a meio, «...Teu sorriso/Fio de luz/ Traz o siso/Que seduz».
Claudia Sofia não tinha tido aproveitamento no décimo ano, já lá iam dois anos. A melhor nota tinha sido a Português, depois uma ou duas positivas baixas e negativas ao resto. No final de cada período era sempre o mesmo. O Conselho de Turma olhava embaraçado para o colega de Português e pedia-lhe que desvendasse o segredo. O professor dizia não saber, que era os resultados que tinha. Os outros encolhiam os ombros, vinha uma graçola para descongestionar e Cláudia Sofia ficava para trás. Para trás já tinha ficado o pai que morrera num desastre de mota a caminho do trabalho e deixava por criar três filhas. A mãe trabalhava doze horas por dia numa pequena fábrica de carnes para fazer face às despesas. Há muito que não podia controlar devidamente a vida escolar das miúdas. Cláudia Sofia, a mais velha, reprovada no décimo ano de Humanidades, não quis matricular-se no ano lectivo seguinte com o pretexto de ajudar a família. A ajuda que deu foi aparecer com um rapaz que metia medo à mãe e irmãs. Era alto, desconjuntado, sempre a rir-se com o riso da estupidez, dentes grandes todos à mostra, a falar aos roncos. Um dia Cláudia Sofia desapareceu de casa. Tinha deixado apenas um bilhete pedindo que não se ralassem com ela. A mãe calculava com quem a filha estava, só não sabia onde.

Um vizinho que percorria o distrito a vender roupas trouxe a notícia que vira a Cláudia Sofia num lugarejo para lá do Pinhal Novo, não longe da estrada que segue para Setúbal. Depois, com o passar dos dias, vinham informações cada vez mais precisas sobre a Claudinha como lhe chamava o ti Rafael das roupas. Até que a mãe foi lá, encontrou a filha, pediu-lhe aflita que voltasse para casa, mas em vão. Cláudia Sofia só repetia, «Mãe, vá-se embora, eu cá me arranjo!»
Quando Cláudia Sofia andava no décimo ano, a mãe só lhe ouvia falar em casa no namorado, «Mãe, até faz poemas e tudo!» Era o jovem bombeiro, o Victor Escada. Por vezes aborrecia-se com a filha porque todas as conversas iam dar ao Escada e gritava-lhe, «Tem dó, não sou bigorna!» Mas agora ela tinha uma ideia. Talvez este rapaz desse a volta à cabeça da filha. Nos papéis da Cláudia Sofia lá estavam os poemas do Escada escritos à máquina em folhas brancas. Telefonou-lhe e disse-lhe, «Tenho a certeza que a podes fazer mudar de ideias!» Victor Escada imaginou logo os riscos que poderia correr, mas disse, «Está bem, eu vou!».
Lá foi, lá está, «És miragem/Meu amor/ Qual imagem/Sobre andor». Cláudia Sofia fitava o antigo namorado num silêncio que já tinha perdido toda a dureza. Agora era a luta contra a torrente das lágrimas e as lembranças de um tempo válido. Os outros fitavam ora a companheira, ora o bombeiro à espera de um desfecho. Cláudia Sofia, serenando o rosto, transfigurada a voz, disse, «Vai-te embora, Escada!». Um daquela maralha ironizou, «Tinha que ser bombeiro!». Victor Escada levantou-se, disse a todos, «Boa-noite!» e saiu a saber que o milagre se tinha operado. No dia seguinte, fazia dezassete anos que Cláudia Sofia tinha sido dada à luz, apareceu à mãe para ajudar no que pudesse e recomeçar uma nova vida.

Protestos, acidente e etc.

No passado dia 6, escrevi sobre a gincana construída, recentemente, em torno do novo supermercado de Alcochete, entre o "outlet" e a fábrica Crown & Cork. Avisei que a coisa estava a gerar inúmeros protestos, a meu ver justificados. Sugeri alternativas de futuro.
Sete dias depois, os meus companheiros de blogue voltaram à carga e foram um pouco mais duros. Na véspera da inserção deste texto, eu próprio fora confrontado com uma automobilista que me aparecera pela frente em local onde não podia circular.
Ontem e hoje voltei a passar no local do "crime" e detectei duas coisas novas.
Primeira, ontem terá havido ali um acidente rodoviário, atestado pelos vidros de farolins espalhados no chão. Não parece ter sido coisa grave, porque as evidências resumiam-se a estilhaços de vidro.
Segunda, hoje pareceu-me existirem sinais de início da destruição da nova rotunda à entrada do tal supermercado, a menos que algum camião tenha dado cabo daquilo.
Facto visível é que andam várias máquinas a trabalhar bem perto.
Será a vitória do bem sobre o mal?

28 março 2006

Tenham vergonha!

Foi a partir das premissas «Trabalho, Honestidade e Competência» que a organização do Partido em Alcochete encarou a derrota eleitoral da CDU em 2001”, refere um membro do C.C. do PCP, por certo o “controleiro”, no caso vertente a “controleira”, tendo para o efeito engajado no terreno o aparelho partidário, sobretudo um ano antes das eleições autárquicas de 2005, como se constata da leitura do texto transcrito no post anterior. Para tanto utilizaram as chamadas “acções de contacto directo com a população” o que, na linguagem cifrada do leninismo, se traduz no idioma das pressões e chantagens, coagindo e constrangendo o eleitorado, um velho expediente extraído da vulgata marxista-leninista, bem documentado historicamente na prática antidemocrática e violenta dos partidos comunistas um pouco por todo o mundo. Escusado referir – se não vai a bem vai a mal! – os casos paradigmáticos e últimos dessa rotina na Hungria, Checoslováquia, Afeganistão, Camboja, Angola, e por aí fora num ror de mortos, barbárie e horror só comparáveis à carnificina nazi. Daí o espanto e perplexidade que me suscita a ligeireza do descaro com que a direcção do PC, quando eleitoralmente perde por via democrática, fale em Trabalho – Gulag? – Honestidade – Ceausescu? – e Competência – Coreia do Norte? – na tentativa de vazão do gato pela lebre. Por onde passaram e passam a política é a da terra queimada, consentânea aos seus propósitos, vestindo o nome do povo a relembrar os princípios generosos de 1789, da “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, numa manipulação licenciosa e grosseira dos mais pobres, dos mais desprotegidos, dos mais frágeis. Não para ventura dos mesmos, que tanto pouco lhes importa, mas para uso destes na prossecução do objectivo mais vasto da tomada do poder e na imposição da “ditadura do proletariado”, eufemismo gasto e estafado de oligarquia partidária bruta, cruel, impiedosa. Haja em vista a colectivização forçada da terra dos camponeses russos, num mar de sangue inaudito, ou na decapitação da chefia do Exército Vermelho, varado a balas em arremedo de julgamentos sumários.As mesmas técnicas, os mesmos pressupostos, as mesmas admoestações, persuasões, coações de agitação e propaganda, foram usadas num concelho pobre, parte analfabeto outro tanto iletrado, economicamente dependente do maior patrão e empregador, que dispenso alvitrar: todas e todos sabem quem é, como se chama, onde reside. Por grosso, entre emprego directo e indirecto, por via das associações, quantas famílias, quantas bocas, quantos eleitores manietados dependem dele? Nestas circunstâncias é livre o voto? Quando se mendiga um lugar, se almeja um emprego, se anseia um trabalho? Quando destes depende o pão para a boca? Em anos e anos de autarquia comunista, fizeram-se as infra-estruturas básicas de saneamento e salubridade? A rede viária dos 128 Kms2 foi pavimentada e asfaltada? E a distribuição domiciliária de água? E a captação de empresas geradoras de trabalho e emprego? E o turismo nas suas diversas vertentes? Tenham pudor e decoro e não enunciem «Trabalho, Honestidade e Competência»! Nada se fez porque nada se quer fazer, politicamente o “monstro” alimenta-se da miséria e ignorância, pois é aí sim que fazem render votos e ganhar eleições.

Tiques e truques


Publicou O Militante o seguinte texto, que transcrevo com a devida vénia e sem comentários, à melhor atenção das leitoras e leitores:
“(...) Foi a partir das premissas «Trabalho, Honestidade e Competência» que a organização do Partido em Alcochete encarou a derrota eleitoral da CDU em 2001. Rapidamente se passou para a acção política, informando a população, denunciando a gestão do PS nas autarquias e tratando os problemas das populações. O Partido conseguiu assim encarar de frente a nova realidade com todas as dificuldades inerentes a esta situação, e avançou com grande empenho, alicerçado no objectivo claro de reconquistar as autarquias do concelho. Também aqui a campanha de contactos teve uma importância decisiva na mobilização de vontades e esforços, quando cerca de um ano antes das eleições os nossos camaradas iniciaram no terreno o trabalho de contacto com as populações, que seria um dos factores decisivos para a nossa vitória. As acções de contacto directo com a população passaram a ser regulares, sendo encaradas com naturalidade pela população e pelo Partido. A organização local do Partido conseguiu chegar mais longe, alargar a base eleitoral da CDU, reunir apoios de sectores descontentes da população. O boletim «O Concelho», editado pela Coordenadora Concelhia da CDU foi um importante instrumento de informação sobre o nosso projecto e acção. Muitos foram os jovens envolvidos em todos os aspectos da campanha, desde a acção diária de ganhar o apoio de mais um amigo ou colega, até à participação nas listas, demonstrando também aqui a importância da aprendizagem e troca de saberes entre várias gerações. E agora partilhando responsabilidades enquanto eleitos! (...)”.
Vanessa Silva, (Membro do Comité Central do PCP), in O Militante, n.º 280, Janeiro /Fevereiro, 2006.

Alvorada


Fórum Cultural, (pormenor).

Uma resposta

Resposta a uma Clara, intrigada com a cor das nossas camisolas e bandeiras.
Pessoalmente não estou partido, nem quero. Continuo com o esqueleto inteiro, que conservo conforme posso. E mantenho-me vertical desde sempre.
Ensinaram-me, há muitos anos, que os partidos são grupos organizados de cidadãos (às vezes pouco) unidos no desejo de tomar o poder. Uns pela força, outros pela persuasão, alguns por ambas.
Eu, que sou um cidadão bem comportado e nunca quis assaltar coisa alguma, há décadas decidi não ir por aí. Se me derem o poder aceito-o, tanto mais que "a cavalo dado não se olha o dente". Mas nunca usaria um bando para fins inconfessáveis, por ser contrário aos meus princípios.
Até porque tenho do poder uma visão humanista (e talvez idealista, concedo): tê-lo é servir quem no-lo confia, com lealdade e transparência, sacrificando os nossos próprios interesses.
Como quem gosta do poder não o larga sem ser à força, eu que sou bem comportado terei de esperar que o poder caia na rua. Mas, desde que tenho idade para pensar e decidir, ainda não caiu...

No 25 de Abril esteve quase, mas havia então um general de monóculo que se meteu em sarilhos por ter escrito um livro. A "outra senhora" ofereceu-lho de bandeja e ao general saiu a fava do bolo-rei.
O poder tem passado bem sem mim. E eu sem ele, obviamente. Limito-me a aturá-lo, porque não tenho outro remédio. Já me vai faltando a paciência, confesso.
Se, em sua opinião, eu teria de pertencer a algum partido para justificar o trabalho de escrever aqui, lamento contrariá-la. Muito antes outros tiveram essa ideia e engoliram sapos.
Se insiste em que eu tenha de pertencer a algum partido para justificar a presença neste condomínio, faça o obséquio de me inscrever no do concelho de Alcochete.
Conheço bem as cores predominantes do seu estandarte municipal e gosto delas: o vermelho do sangue e o amarelo dos campos dourados pelo sol.
A ele deveriam pertencer todas as pessoas que aqui nasceram, que aqui residem ou que gostavam de ver estes 94km2 melhorarem a sério. Faço os possíveis para que acordem e lutem, denodadamente, para se sentirem felizes e satisfeitas nesta terra.
Se todas o fizessem, tenho a certeza que isto levaria uma volta de 180 graus.
Ajudo-as conforme posso a manifestarem-se, oportunidade que aproveitam generosamente mas desagrada a alguns caciques. Coitados!
Em consciência, por agora creio criticar menos do que devia como cidadão pagante, votante e interessado neste arraial. Sugiro algumas coisas que me parecem óbvias, como comprovará se tiver a paciência de ler este blogue desde o início. Se o fizer, encontrará até algumas referências positivas porque não sou bota-abaixista.
Tenho-me limitado, nos últimos 4 meses, a preencher uma lista de problemas à espera de solução. É um pouco longa e talvez infindável, mas a culpa não é minha. É do estado a que isto chegou...
Em tempo oportuno e na dose certa terá a oportunidade de ler as minhas críticas francas, sinceras e objectivas. Sem outra intenção que não a de endireitar o que está torto.

A maior de todas as coragens é a de assumir responsabilidade.
(Gustavo Barroso)

27 março 2006

O Palácio do Senhor Presidente 3


Que o Fórum mete água, em sentido figurado, já todos sabiam. Não sabiam, contudo, é que no sentido próprio, a água infiltra-se ao nível da cobertura, apresentando o edifício visíveis sinais de degradação, como a fotografia comprova (façam clic sobre a imagem sff). E, perante a "diluição" do ex-libris, que faz a autarquia? Que nos diz ela sobre o assunto? Que medidas tenciona tomar? E, já agora, quantos mais euros vão ser desembolsados para reparar o assunto? Ou, como nos tem habituado, encolhe os ombros e faz nada?

O Palácio do Senhor Presidente 2


Que segredos se escondem no interior do Fórum Cultural? A resposta segue dentro de momentos.

Torroal


Torroal é o último dos lugares do Concelho que visitei nesta "via crucis".
Que se passa no Torroal? Caminhos de terra batida, água da rede pública que não chega a todos os domicílios, esgotos que estão lá mas não funcionam, etc.
O meu grito é este: enquanto pessoas estiverem privadas de infra-estruturas básicas no Concelho de Alcochete, eu dispenso fóruns culturais e bibliotecas. É que nós estamos no séc. XXI da era cristã, não na época dos Faraós!
Cada vez que nos sentamos numa das cadeiras do Fórum Cultural de Alcochete, é para as costas de centenas e centenas de munícipes que saltamos. Isto que fique bem claro de uma vez por todas.

Alvorada

Fórum Cultural, (pormenor).
Bom dia!

Terras do fim do mundo: Passil


O Google Earth é a melhor ajuda para mostrar como se vive no Passil, a 8km do Largo de São João.
Entre o campo de futebol e a rotunda do Sporting é terreno privado, no qual se situam as casas dos antigos e actuais trabalhadores de uma propriedade agrícola em tempos desanexada da Herdade de Rio Frio.
Para baixo dessa zona o espaço está sob administração camarária.
Atente-se no estado de abandono do espaço público, onde não há sinais de asfalto ou passeios. É pó no Verão, pequenas lagoas e lama no Inverno.
Há mais de uma década que isto está para ser arranjado. Esta gente continua à espera, pacientemente. E raros faltam às urnas em dia de eleições!
Esta imagem data do Verão de 2001. As casas cujos telhados se observam a Sul da sede da associação do Rancho do Passil e da escola estão legalizadas e os respectivos proprietários pagam contribuição autárquica (agora é IMI).
De 2001 para cá construíram-se várias novas habitações nessa zona, bem como junto à EN4, que se observa à direita do aglomerado.
É para as péssimas condições de vida desta e doutra gente que eu chamo a atenção dos demais residentes no concelho.
Não é justo que se gaste tanto dinheiro em elefantes brancos e haja centenas de concidadãos que continuam a viver quase como no séc. XIX.
No Passil residem alcochetanos que são também os meus heróis.

Intendência do condomínio

Leitor identificado enviou-me o seguinte texto:

Falemos de água potável. A mesma que utilizamos na satisfação das necessidades humanas: mata a nossa sede, é utilizada na rega dos campos e na higiene diária, está intimamente associada à Vida.
Dir-me-ão que o Dia Mundial da Água já lá vai. Pois é, caros amigos, mas o problema permanece insolúvel. Facto é que, à dimensão planetária, existe a desproporção quantitativa abissal de uma colher de café de água doce para uma vasilha de água salgada.
É do conhecimento geral que este fluído vital abunda no solo da nossa terra.
Façamos uma pequena perfuração superficial, ali no areal da praia, e logo observaremos que a água doce brota naturalmente do solo. Tudo indicaria que, hoje, como no passado, existem profusamente imensos lençóis subterrâneos de água potável, pelo que se pode inferir que esta se encontra disponível para o uso diário, sem problemas.
Ora, uma abordagem de carácter qualitativo dos recursos aquíferos demonstraria que isso não é verdade.
Convido-vos a fazer uma análise às características da água dos vossos terrenos agrícolas, junto ao perímetro urbano. Aposto que os resultados serão decepcionantes. Isto é, independentemente da profundidade a que realizaram a colheita da amostra de água, ela estará contaminada tanto do ponto de vista químico como bacteriológico.
Conforme me explicaram, a contaminação bacteriológica está associada à infiltração no solo permeável de dejectos, excrementos ou outros produtos orgânicos de origem animal.
A contaminação química tem sobretudo origem no impacte provocado pela utilização excessiva de fertilizantes ou adubos químicos sintéticos, que contêm nitratos.
Numa área muito vasta produziu-se a poluição total dos lençóis freáticos.
Nos serviços do Estado onde solicitei a análise da amostra de água de um terreno, fui vivamente aconselhado a não consumir essa água pelas razões já enunciadas, sob pena de vir a sofrer de algum cancro. Quanto ao uso da água para rega, comentaram ironicamente: é óptima para regar e até já contém todo o adubo de que a terra necessitará!
Urge ainda fiscalizar os licenciamentos das captações de água que por aí proliferam, com vista ao controlo e delimitação in situ das contaminações potenciais, isto é, com o fito de evitar a acção ou efeito de introduzir matérias ou formas de energia, ou incluir condições na água que, de modo directo ou indirecto, impliquem uma alteração prejudicial da sua qualidade em conexão com os usos posteriores ou com a sua função ecológica.

26 março 2006

O Palácio do Senhor Presidente

Em post anterior, publicado há uns tempos, confessei-vos o meu amor por África e, muito em particular, por São Tomé e Príncipe. São as paisagens, as praias com coqueiros a entrar mar dentro, as gentes no seu viver leve-leve, como eles dizem, o exotismo dos paladares, do concom grelhado com fruta-pão à papaia ao pequeno-almoço, as cargas de água quando menos se espera, o calor e a roupa coladas ao corpo, a Praia Jalé, a roça Bombaim, os mergulhos em água do mar a 29ºC, o cheiro a clorofila, enfim, caso o paraíso exista será por certo assim. Mas como não há bela sem senão, claro, é bom de ver, sucedem-se sempre episódios mais ou menos caricatos, nestas minhas andanças, afinal de contas estamos na África e palavras como “democracia”, “respeito pelos direitos humanos” e outras coisas assim, são estranhas bizarrias ocidentais. Em regimes autocráticos impera o “quero, posso e mando”, aliado à inevitável corrupção, em tudo decalcado dos modelos do leste europeu dos tempos felizmente idos do “sol na terra” e dos “amanhãs que cantam”. Nesta minha última viagem a STP, em Outubro passado, não deixei de os ter mais uma vez. Num desses dia em que por lá estive, resolvi ir ver o forte de São Sebastião, uma edificação do século XVI, pomposamente transformada em Museu Nacional, com as colecções às três pancadas ao desbarato, as armas que encimavam a porta principal picadas num assomo revolucionário independentista, à maneiras das dos Távoras, e saí de lá um tudo nada incomodado com tudo o que vira. De regresso ao hotel, a pé que a cidade é pequena, deparo com um “STOP” pintado em cima do passeio, seguido de uma seta que me indicava o asfalto como caminho a seguir. Um tudo-nada à frente, debaixo de uma guarita, um soldado em camuflado segurava uma Kalashnikov como quem agarra num cajado. Como sempre me ensinaram que o passeio é para os peões – mais uma bizarria, o mundo está cheio delas! – segui em frente sem atender ao facto que passava, nem mais nem menos, pela fachada do Ministério da Defesa lá da terra. O tarata, que não esperava tal falta de respeito, mas sem poder abandonar o lugar, para lá ficou aos guinchos “brancu, nô pôdi passar, não, só rua, só ordens” e eu, cá para comigo, ”puta que te pariu que não estou para aturar prepotências”. Dias depois foi em frente do Palácio Presidencial. Como tenho a mania da fotografia, seria da praxe tirar uma do palácio do “sinhor presidente”, antigo domínio dos governadores-gerais. No fim de contas, aquilo também faz parte da minha/nossa memória colectiva, no que teve de bom e de mau e que não é para aqui chamado. Plantados em frente, mais dois militares em camuflado, capacetes de guerra, à maneira do Solnado, agarrados às AK47, mais uma vez como se fossem cajados. Saquei da máquina, apontei, foquei, e de repente só vejo pelo visor um gajo a apontar-me a arma e o outro aos berros “nô pôdi, nô pôdi”. Perante a contingência do diferencial de forças em presença, abandonei o campo de batalha, soltando uns sonoros “cabrões de merda”, para espantar o receio, perdão, o cagaço que apanhara. Como é evidente, recolhi à guerra de guerrilha. Afastei-me um quarteirão, dobrei uma esquina, agachei-me atrás de um carro estacionado, saquei de novo da máquina, olhei em volta, o inimigo não estava à vista, e aí vai disto, em rajada, até encher a memória do cartão. A minha mulher exultou e condecorou-me logo ali com a Torre Espada do Valor Lealdade e Mérito, com palmas e uma enormíssima gargalhada. E lá fomos à vida.
Hoje, dia 26 de Março do Ano da Graça de 2006, o meu amigo Marafuga convidou-me para um almoço de jaquinzinhos com migas, a que não pude dizer não. E lá fui aí, a Alcochete, para o almocinho (delicioso, a pedir bis!). De seguida, para esmoer – tinha de ser, noblesse oblige – lá fomos ver o celebérrimo Fórum Cultural, o tal ex-libris alcochetano no entender camarário. Felizmente levava um jipe, o que me permitiu uma abordagem ao dito sem grandes sobressaltos, pois qualquer ligeiro arrisca-se a partir a suspensão, dar cabo de uma jante ou coisa que o valha, dadas as péssimas condições de acesso. Lá vi a arquitectura, um pouco pretensiosa em vidros e vigas, com um movimento a escapar para o fogo-de-vista saloio em função da volumetria existente, mas tudo bem, aquilo não é, nem pretende ser, o Guggenheim de Bilbao. Deleitei-me com o bucolismo dos arranjos exteriores, com o cuidado posto nas charcas, nos pastos, a convidarem qualquer vacada de carne. Entrei. Solícita, uma empregada loira – inevitável, meus amigos – lá me ajudou a não ficar entalado na porta, que não tenho feitio para Martim Moniz nem o Fórum é o castelo, mas a que me arriscava, dada a força do vento e a fraqueza da porta. O interior, pouco sóbrio para meu gosto, com repetição de elementos de um vocabulário esgotado, não me encantou. É simplesmente banal. Mas tudo bem, volto ao mesmo, não é o Guggenheim nem pretende ser. Acompanhava-me, claro, a minha máquina, é o tal vício da fotografia. Lá saquei dela, fiz um boneco à entrada, mais outro do auditório que me pareceu confortável, e aí iniciam-se os problemas, “que talvez fosse melhor não tirar fotografias”, sobretudo por parte de um zeloso badameco, armado em comissário Jdanov, que atendia à luminotécnica. Não fazendo caso, repetindo eu “que lindo, que lindo”, lá fui tirando mais umas fotos, perante a complacência - para não dizer cumplicidade - da loira funcionária (tinha as unhas muito bem arranjadas, e um verniz bonito, um branco creme leitoso, de bom gosto, o que é raro em pessoal menor), enquanto o luminotécnico se entretinha em dar à luz. Mais umas tantas fotos à tal exposição “dos toiros”, coisa fraquita a que só a cor dos paneis já gasta ainda dá vida, entremeada por umas tantas peças arqueológicas de menor valia, num espaço exíguo para tanto apaineledo: mais olhos que barriga! Satisfeito, perguntei pelo restaurante. Fechado, claro está, só um louco se meteria a explorar tal buraco com comes e bebes, só se fosse para a funcionária loira, pois visitantes não há, nem um para amostra como figurante, como adorno, fazendo parte da mobília, sei cá. Nada, zero. Só que, o meu amigo Marafuga, em conversa com a loira – ai, as loiras! - dá-se a conhecer, sou fulano tal e coisa. Ao som de “Marafuga”, solta-se dos curros do auditório o zelosíssimo luminotécnico, que entretanto provavelmente já dera à luz, como se ouvira o som da ordem soprada ao cornetim pelo “inteligente”. Ainda tentei uns naturais, “isto é espaço público, pago com o dinheiro dos contribuintes”, umas chicuelinas, “mas são instalações militares?”, mas o homem (?) não se demovia do seu zelo, “eram ordens” ao melhor nível do argumentário salazarento, estava na crença, meteu-se em tábuas, e avançou sesgado com ameaças de polícia. Como não estava para chatices, nem para verónicas ou passes por alto, virei costas e saí.
Restam, de todo este lamentável episódio, por fim, umas questões políticas, que muito gostaria de ver respondidas: há “ordens” para não se tirarem fotografias do interior do Fórum? Em caso afirmativo, dadas por quem? Ao abrigo de que legislação, com que suporte legal? É que, excelentíssima vereação, não estamos em África, sujeitos à discricionariedade e prepotência de mandaretes, de funcionários, de vereadores, de presidentes de câmara. A legitimidade democrática não consente nem admite abusos de poder, e caso façam essa leitura desde já digo a vosselências não se encontrarem na defunta DDR ou no Burkina-Faso. Enganaram-se de país. O Fórum Cultural foi construído com dinheiro público, dinheiro dos contribuintes, dinheiro do povo - caso ainda saibam quem é e o que é - e não tolero nem admito que me impeçam de fotografar aquilo que é de todos e que também é meu.

Passil


Quem circunda a rotunda do Sporting Clube de Portugal divisa com facilidade o Passil, uma das zonas mais pobres do Concelho de Alcochete.
Se há qualquer coisa que desconfortabiliza, é entrar no Passil à noite: a escuridão é de breu porque a iluminação é deficientíssima. Este mesmo facto também foi objecto de protesto meu à Câmara. Através do Gabinete de Apoio ao Presidente, recebi esta resposta: «A rede de iluminação pública é gerida pela EDP. No entanto as remodelações são custeadas pela Câmara, assim como o pagamento da energia» sic. Ora eu não perguntei à Câmara quem geria a rede de iluminação pública nem quem custeava as remodelações e pagamento da energia. Ou isto é incompetência ou faz-se pouco do munícipe.
Sou um cristão - sempre o disse - que me sinto confrangido a falar assim, mas as minhas convicções cristãs não entram em choque com o exercício da cidadania. Por força deste exercício, sou obrigado a falar como falo.

África minha

Aqui tendes, ó gentes, o ex-libris alcochetano em versão camarária. Os comentários sobre o bokassiano território seguem dentro de momentos. Até já!

Alvorada


Qualidade e não mediocridade!
Bom dia!

25 março 2006

Terras do fim do mundo: Pinhal do Concelho


Aqui está uma preciosa imagem de satélite (via Google Earth), que demonstra o estado das artérias do Pinhal do Concelho.
Pela cor das vias de comunicação percebe-se que aqui não há asfalto em parte alguma. Só lama e pó.
Isto é concelho de Alcochete! Mas fica longe: a 7kms do Largo de São João!
Aqui há gente que paga impostos (nomeadamente contribuição autárquica, agora IMI)!
Contem as casas e calculem quantas pessoas existem por aqui. Às quais prometeram – há, pelo menos, 8 anos – ruas pavimentadas!
Aqui há esgotos, mas não funcionam porque alguém meteu a pata na poça!
Aqui há água canalizada, mas nem todos usufruem dela por não terem dinheiro para pagar o ramal.
Aqui há gente esquecida pelo poder que manda construir variantes, bibliotecas e "ex-libris"!
Esta gente ainda vota...
Estes alcochetanos são alguns dos meus heróis!

Um conto, um ponto, e o vigário


Massacro-vos com o site da CMA, lamento, mas dado ser pago com os dinheiros dos contribuintes, isto é, com o vosso e o meu dinheiro, não posso deixar de assinalar. Mais: protestar. Na ligação “Turismo”, há uma “agenda online”, onde será – seria?! – suposto estarem consignadas as actividades da câmara, dispostas pelos seguintes itens: “Todos”; “Cultura”; “Desporto”; “Outros”; “Festividades”; “Reuniões CMA”; “Reuniões AM”. Clicando em “Todos”, chamando ao ecrã todas as actividades da CMA para o mês de Abril, que encontramos, estimáveis concidadãos? Pois bem, duas actividades desportivas, a 23 e 25 de Abril, e cinco actividades culturais da responsabilidade da biblioteca municipal, todas elas com o sugestivo título “Dia do Conto”, destinadas ao público infantil. De reuniões da câmara nada, idem aspas aspas para reuniões da AM, o mesmo se passando para festividades e outros. Em resumo, caríssimos leitores, nem eu nem ninguém sabe, ou supõe, a edilidade encontrar-se em férias, (havendo sempre a hipótese, não descartável, de ter passado à clandestinidade). Mas que parece, parece, olá se parece, e em política – já lá dizia o outro! – o que parece é. E como quem conta um conto acrescenta um ponto, deixo-vos aqui a interrogação: será aquilo mais um conto... do vigário? E, em caso afirmativo, será quem, meus senhores, o “vigário”? Dou um doce a quem adivinhar!

Pinhal do Concelho


Quem parte de Alcochete para a Atalaia, se virar à esquerda imediatamente antes de entrar nesta freguesia do Montijo, passa por Fonte da Senhora, mais à frente Pinhal do Concelho e, por fim, chega a Torroal.
Desta feita, vou falar um pouco de Pinhal do Concelho. Esta localidade do concelho de Alcochete parte o coração a quem a visite. As estradas, de terra batida, fazem o favor de mandar os amortecedores dos carros para a sucata. No Verão, o inferno daquelas gentes são as núvens de pó; no Inverno são as poças de água e lamas.
Mas há mais: pelo menos em parte, a rede de esgotos pública não funciona segundo o testemunho de vários moradores.
De estradas e esgotos peço informações à Câmara na minha qualidade de cidadão. A transcrição da resposta respeitante ao assunto aqui tratado é a seguinte: «No Pinhal do Concelho existem caminhos públicos e privados. Nos locais onde existe rede de esgotos, a mesma, naturalmente é pública» sic. Esta resposta, que acusa uma tergiversação, pretende passar um atestado de menoridade mental ao munícipe, estratégia subrepticiamente usada também pela Câmara anterior.
A partir daqui, cada um que julgue em consciência.

Sporting merece mais


No passado 6 de Agosto – faltavam dois meses para as eleições locais – foi inaugurada, com a pompa e circunstância do estilo, a Rotunda Sporting Clube de Portugal, situada na EN4, junto ao Passil.
Titulava a notícia, datada dois dias depois e que ainda hoje pode ser lida no sítio da câmara na Internet, que «Rotunda eterniza Sporting em Alcochete».
Voltei hoje à rotunda e encontrei o que se observa na fotografia acima: a peça escultórica da autoria de João Duarte implantada em terreno óptimo para apascentar gado. Em redor só erva, erva e mais erva.
Creio que a instituição nacional Sporting merecia mais consideração da autarquia que decidiu homenageá-la. No mínimo, um espaço devidamente cuidado e não em estado lastimável e idêntico a tantos outros que por aí existem.
Até ver, esta rotunda eterniza outras coisas que há em excesso no concelho de Alcochete: populismo bacoco e política do faz-de-conta ou «para inglês ver».

Alvorada

" Datcha" de Estaline, o "Pai dos Povos", na Crimeia.
(Assim, se vê, a força do PC!)
Bom dia!

24 março 2006

Para inglês ver


Em tempos idos, antes da distribuição domiciliária de água, a imigração galega dedicava-se ao ofício de aguadeiros – entre outras profissões. Gostavam de cá estar, as condições de vida e trabalho eram melhores e, volta não volta, escreviam para a terra: “Xosé, a terra é boa mas a gente é bruta, a água é deles mas nós é que a vendemos!”. Se trago aqui a história é porque me faz lembrar o que se passa com o Fórum Cultural: a ideia é boa, a edilidade é que não presta (para não utilizar, mais pesado mas não menos certeiro, o “bruta”). E não presta porquê? Vamos por partes, para me fazer compreender. Um equipamento com o recorte do Fórum, onde se despenderam, pelo menos, um milhão de euros, merece uma gestão eficaz no sentido de se maximizarem os recursos, tendo por objectivo um preenchimento, se não diário, pelo menos quotidiano das instalações. Uma análise sumária, feita com base no site da CMA, consente a leitura de, no decurso do corrente mês, se realizarem, no total, quatro eventos, a saber: uma conferência; um concerto; um espectáculo de música rock; uma pequena peça de teatro. Previsto para o próximo mês de Abril, que se saiba publicamente, não há nada. Claro que, quando chegar o dia 25, haverá corrupio de acontecimentos, a sublinharem a traço grosso a programação ser produzida sobre o joelho, ao sabor do que for soará. Um milhão de euros do erário público obrigam a que se saiba com a antecedência devida o que se vai efectivar, qual a programação existente para Abril, Maio, Junho. Um milhão de euros não caíram do céu, meus senhores, mas dos bolsos dos contribuintes. Um milhão de euros exigem rigor, impõem disciplina, reivindicam trabalho. Daí que a CMA não tenha do Fórum Cultural a noção que o mesmo é da comunidade e para a comunidade, de ser o mesmo um instrumento de serviço público, um bem diário de utilização comum. Para a CMA é tão só uma quinta, um couto, um feudo, a usar como e quando quer, sem prestar contas a ninguém. E a utilizar de acordo com as conveniências, como sala de visitas, passeando-se a vereação pelos salões, da mesma forma que a aristocracia utilizava as salas de aparato, de casaca e charuto, tão bem traduzida na expressão do “para inglês ver”. Ora a tudo isto, a esta forma de estar e de trabalhar qual latifundiário absentista, dá-se o nome feio de incompetência, para não lhe chamar outra coisa mais consentânea com o malbaratar dos recursos públicos.

Alvorada


"Chuta, eu vou descobrir o que se passa com o ex-libris alcochetano, vou recorrer a uma janela indiscreta da CMA! Ó António, parece-me que estou a ouvir o som de...caneladas, pá!"

Bom dia.

Pontão e Monte Laranjo

Quem passa o Passil a caminho de Pegões, depois da rotunda, tem à direita os caminhos, primeiro para o Pontão, logo a seguir Monte Laranjo.
As populações destas localidades do Concelho de Alcochete vivem mergulhadas em tremendas dificuldades. Estou convencido de que a maior parte das pessoas que residem na vila não fazem a mais pequena ideia das privações suportadas pelos moradores de Pontão e Monte Laranjo. Eu nunca esquecerei o júbilo nos rostos das crianças quando lhes oferecíamos roupas de marca, excedentes dos nossos filhos. São experiências que só no terreno podem ser avaliadas e ficam para sempre.
Mas o que mais me confrange é o facto de os acessos àquelas localidades serem centenas de metros de terra batida. De Verão é a poeira; de Inverno são os buracos e a lama.
Escrevi então à Câmara, defendendo que os caminhos, com a congregação de esforços das partes interessados, talvez pudessem ser asfaltados.
A resposta, sem começar pelo nome do destinatário que sou eu, reza assim relativamente à matéria em foco: «Tanto o Pontão como o Monte Laranjo encontram-se em propriedade privada, pelo que, o asfaltamento das respectivas acessibilidades não é competência desta Câmara. No entanto, sempre que estes caminhos necessitam de reparação, a autarquia efectuará a sua reparação» sic. Nesta resposta que me foi dada, eu descortinei alguma contradição, porque se a Câmara efectua a reparação dos caminhos sempre que urge, tem para tal a autorização do(s) proprietário(s). Assim sendo, este(s) não se disponibilizaria(m) à negociação de um bem maior, isto é, ao asfaltamento? O teor desta pergunta leva-me a dirigir uma segunda missiva à Câmara, opinando que o facto de os caminhos para o Pontão e Monte Laranjo pertencerem a propriedade privada não ergueria muro intransponível ao fim almejado. Torno a transcrever a resposta que, como a anterior, começa sem se dirigir ao destinatário, pormenor revelador do desprezo que o(a) escriba sente pelo munícipe: «[...] Relativamente ao Monte Laranjo, está em causa uma propriedade agrícola devidamente vedada. Neste caso o proprietário não tem permitido intervenções de fundo, conseguindo-se, apenas, intervenções pontuais de melhoria dos acessos. No caso do Pontão, os custos de pavimentação das estradas são bastante onerosos, para além de não ser espaço público» sic. Agora, nesta redacção, Monte Laranjo e Pontão apresentam-se em planos distintos: no que toca ao primeiro aglomerado populacional, não há acréscimo de informação por parte do Gabinete de Apoio ao Presidente, mas o segundo surge envolto em contradição. É que parece estar implícita a ideia de que a pavimentação para o Pontão não se faz tanto por o caminho ser propriedade privada, mas mais por ser onerosa. E pronto, ninguém julgue que eu tornei a bater no ceguinho.

Ideias para reflectir


A ponte Vasco da Gama foi planeada em meados da década de 90 e concluída em Março de 1998, tendo os acessos sido concebidos numa época em que o município de Alcochete perdia população e tinha 10.000 residentes.
Oito anos após a abertura da ponte, a população do concelho cresceu mais de 50%, depreendendo do volume de empreendimentos habitacionais em construção ou planeados que a duplicação poderá ocorrer em pouco mais de uma década.
A imagem acima reproduz a situação actual dos acessos à ponte para residentes no município de Alcochete, cuja esmagadora maioria utiliza o automóvel nas deslocações casa-trabalho.
A linha verde é o percurso de 10 a 12km, feito duas vezes por dia, pelo menos, para atingir a praça da portagem.
As linhas brancas indicam os trajectos habituais a partir de Samouco e de São Francisco e para alguns automobilistas da freguesia de Alcochete.
Por questões de definição não consegui incluir o percurso dos residentes na sede do concelho que usam a via junto ao "outlet", situada a Norte da palavra Alcochete na imagem. Alguns optam pela Estrada da Atalaia, que está assinalada.
No concelho não falta quem sugira duas soluções para encurtar distâncias:
1. Em vez da maioria ser forçada a convergir para a rotunda do Entroncamento (a primeira à saída do IC13) – que nas horas de ponta tende a ficar congestionada – o município deveria sugerir ao Instituto de Estradas a construção de novos acessos ao IC13 junto a um dos três viadutos nele existentes, entre o Entroncamento e a ponte;
2. O maior número de sugestões refere-se a algo que considero de concretização difícil, salvo se a Lusoponte cooperar: a criação de novas entradas (quanto mais não fosse apenas para utilizadores da Via Verde) e saídas da ponte junto à Área de Serviço de Alcochete.
Pessoalmente preferia uma terceira via: estudar as necessidades de deslocação dos residentes e encontrar soluções ambiental e economicamente sustentáveis com transportes públicos. A auto-estrada líquida continua reservada aos esgotos e, que me lembre, nenhum país europeu com estas condições naturais as desperdiça desta maneira.
No entanto, olhando para esta imagem de satélite do Google e conhecendo a estrada de acesso ao edifício da Lusoponte, situado junto à praça da portagem, talvez seja possível criar aí entradas e saídas que dispensariam novas portagens.

Convém notar que os espaços dos arcos desenhados a vermelho se situam no concelho de Montijo, onde uma parte dos residentes nas novas urbanizações situadas a Norte da sede desse município poderia deixar de utilizar o IC13. A obra pode ser feita em cooperação pelos dois municípios, porque convém a ambos.
São ideias que deixo à consideração geral, se alguém quiser pensar no assunto antes que o tráfego se complique de vez.

23 março 2006

Recolher

Boa noite!

Bolsa de futuros

Não me surpreendem, por aí além, esta e esta notícias. Há anos que existem as ferramentas informáticas necessárias. É até possível fazer um pouco mais.
O que quero sublinhar é que, lá para 2009, ouvirão certamente falar disto na campanha eleitoral para as autarquias de Alcochete. Nessa altura alguém apresentará isto como o ovo de Colombo ou a tábua de salvação para aproximar o município dos munícipes.
Por estas e por outras razões, o projecto Setúbal Península Digital sempre me pareceu ser dinheiro deitado à rua. Relativamente ao nosso concelho, nem 30% do projecto estarão concretizados nos próximos cinco anos.
Repare-se, por exemplo, que o município de Alcochete, tendo embarcado nesse projecto e nele enterrado bom dinheiro, um ano após dispor de novo sítio próprio na Internet não conseguiu sequer disponibilizar metade da documentação prevista...
Conheço engenheiros informáticos, residentes em Alcochete, que confessam a sua frustração pela falta de oportunidades para pôr os conhecimentos ao serviço da comunidade e do país.
Os especialistas andam por aí, o problema é faltarem mentes brilhantes que utilizem há muito as novas tecnologias como ferramenta de trabalho e saibam aproveitar essas e outras mais-valias quando detêm o poder de tomar decisões em representação da comunidade.
Até agora só apareceram mentes brilhantes que olham para o computador como ornamento doméstico e fogem dele como o Diabo da cruz!

Alvorada

Bom dia!

Advertência


Venho dizer aos amáveis visitantes deste blog que daqui para o futuro não comentarei comentários de anónimos.
Tenho-o feito de vez em quando, mas sinto que há qualquer coisa de humilhante no meu afã. É que o diálogo entre duas pessoas só é verdadeiro se conversam sobre o mesmo plano. Ora o anónimo, seja ele quem for, olha para o outro de cima porque quer estar sempre numa posição de domínio nem que seja apenas pela anonímia.
No meu caso pessoal, aposto que os anónimos de ontem (Tágides) e de hoje (Praia dos Moinhos) são pessoas que me cumprimentam na praça pública, mas sem coragem para o essencial. Sempre fui e sou um homem carregado de defeitos, mas esse nunca tive. Para mim, dar o rosto pelas minhas convicções é um acto de liberdade que jamais seria capaz de alienar.

Intendência dos leitores

Leitor devidamente identificado enviou-me o seguinte texto, a propósito de outros por mim escritos nos últimos dias.

Em complemento do seu artigo no Praia dos Moinhos, a Lei n.º 159/99, Art.º 17.º , n.º 1, alíneas a) e b), diz expressamente que é também da competência dos órgãos municipais o planeamento, a gestão e a realização de investimentos nos seguintes domínios: distribuição de energia eléctrica em baixa tensão e iluminação urbana e rural.
Atente-se no "belíssimo" efeito estético de alguns tendidos na distribuição de energia eléctrica em baixa tensão ali para os lados da Lagoa do Láparo, junto ao Intermarché, e nos condutores na fachada dos imóveis no centro da vila.

Mais grave ainda é que existem situações em que as distâncias de segurança de isolamento das pessoas aos condutores, junto de varandas, não são respeitadas e não há esperança de solução à vista. Até um dia...

Defronte da minha casa, perto do estaleiro da Câmara, as obras continuam a descoberto... Naquela urbanização não há vedação nem tapumes que isolem a entrada de poeiras na minha casa. Bonito espectáculo de se ver o daqueles montes de saibro, brita e entulhos próximos da bagunça dos materiais de construção no estaleiro da obra. Em casa recebo a visita, sempre alergogénica, das poeiras da obra, tocadinhas pela nortada quando o Verão se aproximar.
O DL n.º 555/99 dispõe sobre este assunto no art.º 23.º, n.º 1, prescrevendo que a fiscalização administrativa se destina a assegurar a conformidade das operações urbanísticas (...) a prevenir os perigos que da sua realização possam resultar para a saúde e a segurança das pessoas.
A título de exemplificação, no Regulamento Municipal das Operações Urbanísticas de Águeda, o art.º 23.º, n.º 1 estatui que:

"- Na execução das obras, qualquer que seja a sua natureza, serão obrigatoriamente tomadas precauções e observadas as disposições necessárias para garantir a segurança dos trabalhadores e do público (...) (e.g. obras dos Barris) e permitir o trânsito normal de peões e veículos em condições de segurança.
"- Sempre que se verifique a ocupação da via ou do espaço público será obrigatória a vedação do estaleiro com tapumes."


Será que nenhum regulamento local trata desta matéria?

Por acaso há um regulamento local sobre isto. E quase decalcado, ipsis verbis, do de Águeda. Cumpri-lo e fazê-lo cumprir, no entanto, é outra coisa.
Obrigado pela ajuda.

Raios os partam


Este poste estará vergado pelo peso da consciência de quem permitiu que nos centros históricos do concelho haja cabos de telecomunicações assim espalhados?

Raios os partam!

Este poste estará vergado pelo absurdo que representa investir em variantes, fóruns e bibliotecas e ninguém reparar que faltam coisas elementares como creches, escolas e condutas subterrâneas para resolver de vez o problema?

Raios os partam!

Este poste estará vergado porque a maioria dos alcochetanos se alheia da sua terra e julga suficiente exprimir, de quatro em quatro anos, o desconsolo que tem na alma?

Levantai-vos criaturas e defendei a vossa terra!

Senhores, patrões, chefes supremos,
Nada esperamos de nenhum!
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair desse antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós diz respeito!


(Este verso pertence ao hino A Internacional, que os comunistas escutam no início ou no final das suas manifestações).

22 março 2006

A cola do ex-libris

Devo confessar-vos que não me dou bem com as novas tecnologias, é tudo complexo, a necessitar manuais. Vem isto a propósito do Fórum Cultural, esse ex-libris alcochetano, no dizer “simples” e descritivo do site da Câmara: “a obra de maior envergadura até hoje realizada pela Autarquia” e que “veio permitir que Alcochete passasse a dispor de um dos espaços culturais mais dignos e modernos que se pode encontrar no Distrito”, esse projecto de “elevado índice de versatilidade”, e outras baboseiras de prosa saloia - para não chamar parola! - do escriba de serviço pago a expensas do erário público. Tudo bem, diria eu cá com os meus botões, não fossem as dúvidas que as “obras de fachada”, sobretudo as realizadas por autarquias, sempre me deixam. Suponho que sabem ao que refiro, há exemplos à mostra, escuso-me de apontar a dedo casos concretos. E, ao que consta, são só a ponta do iceberg. Mas passo à frente, dou de barato a maior transparência a benefício dos patrocinadores, por crer que equipamentos neste âmbito são eventualmente úteis e necessários. Possibilitariam, no caso específico de Alcochete, uma revitalização da vida económica e social, se devidamente conjugados com a área urbana em que se inserem - a de maior densidade populacional do país - com a dinâmica gerada pelo Free Port. Mas estas cogitações, aqui deixadas à laia de desabafo, só fariam sentido se o ex-libris tivesse vida, leia-se programação regular: exposições temporárias, teatro, cinema, música, colóquios, congressos. E que se soubesse, isto é, que se fosse ao site da CMA e se visse, dia tantos isto ou aquilo, para, pelo menos, seis meses. Mas não, não vi lá nada. Como não acredito em que não exista programação regular para aquilo, para o tal famosíssimo ex-libris, o defeito só pode ser meu, por não me entender com as novas tecnologias: mea culpa, mea maxima culpa! Agora se realmente de programação há zero, aconselho a excelentíssima edilidade a esticar a língua e a lamber o verso do dito: para o colar no livro. Sabe a cola?! Pois é...

Aprendam mentes brilhantes!

Esta notícia do JN é uma pedrada no charco e um bom exemplo para os eleitos locais de Alcochete.
Siga-se o exemplo de Santarém e aprovem-se na Assembleia Municipal, por unaninimidade, disposições regulamentares que acabem com a rebaldaria do quero, posso e mando!
Quem não come demasiado queijo lembrar-se-á que houve "trabalhos a mais" numa obra mal planeada (fórum cultural), por precipitação de alguém.
Esses trabalhos a mais custaram 250.000 euros, o Tribunal de Contas recusou-se, por duas vezes, a conceder-lhe visto legal e a verba não pode ser paga ao empreiteiro.
Talvez acabe tudo em tribunal, com o pagamento a ser acrescido de juros de mora contados ao dia. Se o desenlace for esse, pagaremos todos pelos erros pessoais de um ou dois responsáveis.
Recordo o n.º 2 do art.º 235.º da Constituição: "As autarquias locais são pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a prossecução de interesses próprios das populações respectivas".
Alguém já mexeu uma palha para evitar a repetição deste e outros disparates, tanto mais que grandes obras em curso podem ter desenlace semelhante?

Alvorada

Bom dia!

Dêem à luz, por favor!


Se de dia a "sala" de entrada no concelho a partir do IC13 – a rotunda do Entroncamento – evidencia o desinteresse dos autarcas de Alcochete pelo bom acolhimento na sua terra, agora de noite é bem pior.
Todos os acessos estão às escuras. Será avaria, falta de dinheiro ou desleixo?
Lembram-se que imagens daquela rotunda, pejada de gente, durante o Euro2004, deram a volta a Portugal, pelo menos?
Que me recorde, essa porta de entrada na sede do concelho só esteve completamente iluminada no princípio de 2002. Mas por escassos meses. Daí até data recente só havia luz nas entradas e saídas do IC13.
Agora nem isso. Está escuro como breu.
Estará reservado àquela rotunda algo ainda pior?

São Francisco: sugestões para mostrar serviço (3)


Para concluir a lista não exaustiva de intendência respeitante à freguesia de São Francisco, a propósito da reunião da câmara – e depois disto e disto – faltava-me referir o problema da energia eléctrica. Ou melhor, da intermitência dela.
Disseram-me que, frequentemente, ocorrem interrupções no fornecimento de energia em São Francisco.
Ninguém conhece as razões e muitos só se apercebem do facto quando chegam a casa, ao fim da jornada de trabalho, deparando com os relógios eléctricos desregulados.
É anormal que tal ocorra, ainda por cima com a frequência que me asseguram residentes, urgindo resolver o problema de vez.
Parece-me, aliás, que a qualidade do serviço é sofrível até na sede do concelho, onde resido. E isso constata-se há anos.
Sempre tive o computador e periféricos ligados a dispositivos de segurança (estabilizador de tensão e/ou unidade auxiliar de energia) e raro é o dia em que não detecto sinais de variações bruscas de tensão. O fenómeno é também perceptível em lâmpadas incandescentes.
As variações de tensão afectam a maioria dos electrodomésticos não ligados a dispositivos que atenuem os seus efeitos. Por causa disso tenho três estabilizadores de tensão, que me dão alguma segurança mas contribuem para o aumento do consumo de energia.
Os talones, os mexias e os accionistas esfregam as mãos, bem entendido, porque, embora se diga que há concorrência no mercado da energia, nunca ninguém me bateu à porta a oferecê-la em pó ou pilhas. Logo, tenho de aturar o monopolista.
Como, neste quadrilátero de castas, lá em cima estão as corporações e cá em baixo os mansos cidadãos, já nem estranho que haja mecanismos de regulação mas na prática ninguém repare na sua utilidade.
Embora este assunto esteja fora da alçada do município, trata-se de um serviço de interesse público e essencial à vida moderna. As suas pressões poderiam acelerar a resolução dos problemas.
Até que haja solução, sobretudo aos residentes em São Francisco só posso recomendar uma coisa: tenham paciência... franciscana.
E se mais algum "franciscano" quiser acrescentar temas à agenda municipal, está sempre a tempo de o fazer. Este condomínio agradece.

21 março 2006

Descubram as diferenças!

Estas imagens apresentam sete pequenas diferenças entre si. A quem as descobrir, ofereço uma viagem à Sibéria com o cavalheiro do post anterior. Paga pela edilidade, é bom de ver, no âmbito dos "Projectos Municipais".
Boa sorte!

Primavera?!

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís Vaz de Camões

Urge entender

Aqueles que afirmam Deus e não acreditam no homem (fascistas) são iguais àqueles que acreditam no homem e negam Deus (todas as esquerdas).
Qual é a diferença entre lançar bombas sobre Londres em nome de Deus (Hitler) e matar a elite russa em nome da classe operária (Staline)?
Crer em Deus e descrer do homem faz parte de um filão de pensamento nefasto que percorre a Civilização Ocidental e Cristã desde há dois mil anos. Falo do Gnosticismo que por ser uma fraude gera fraude.
De facto, o avesso do Gnosticismo haveria de surgir com o Renascimento, mais propriamente com o humanismo antropocêntrico reforçado pelo Iluminismo, culto da razão. Agora o homem é Deus. Eis-nos chegados ao desfecho totalmente intramundano do sonho gnóstico da unidade do homem e Deus, quando Este, para o Cristianismo, é diverso daquele.

Grandes capitalistas e comunistas

Se eu disser que os megacapitalistas, ou talvez melhor, os metacapitalistas, se entendem às mil maravilhas com os comunistas, surpreenderei alguém?
Os megacapitalistas mais não fazem que aproveitar a máquina do Estado para os fins próprios.
Os comunistas o que querem é reforçar o peso do Estado em nome, dizem eles, das classes trabalhadoras, o que para os megacapitalistas é preferível ao Estado liberal que se põe regras a favor dos direitos individuais.
Então há ou não há uma plataforma de interesses comuns entre grandes capitalistas e comunistas?
Agora já os leitores dos meus textos perceberão melhor por que, tanto em Portugal como no Mundo inteiro, representantes do alto capital apoiam partidos de esquerda. Ao fim e ao cabo, por diversas vias, eles querem o mesmo: dominar.

O menino da sua mãe





















O MENINO DA SUA MÃE

No plaino abandonado,
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
- Duas de lado a lado –
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue,
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem!
Que jovem era!
Agora que idade tem?
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome, e o mantivera
–“O menino da sua mãe”...
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe.
Está inteira
E boa a cigarreira,
Ele é que já não serve.
Da outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
Do lenço...
Deu-lho a criada
Velha, que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
Que volte cedo e bem!
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe...

Fernando Pessoa